26 de abr. de 2014

Nada mais a ser feito.

Eu realmente pensei que não tornaria a escrever.
Era preciso dar um passo novo e deixar as antigas amarras para trás.
Mas a vida, ah, sempre ela, me obrigou a voltar a desabafar nessas páginas que ninguém vai ler, num lugar que ninguém se importa.
Eu continuo sozinha.
E ao contrário de todas as outras vezes que eu procurava meios desesperados de mudar de estado, eu abracei essa cruel realidade e me conformei.
Não posso mudar a natureza das pessoas.
Não posso mudar a realidade que eu vivo.
Se não pode com eles, junte-se a eles.
Eu fiz o que podia para mudar o que me isolava.
Mas foi como acender um fósforo no meio do deserto. O efeito foi nulo.
O que mais podia fazer então?
Eu não tenho ninguém para conversar.
Não por falta de tentativa.
E quando tentei dizer que eu queria fazer algo pra mudar isso, recebi como resposta que eu estava apenas colhendo os frutos das árvores que plantei na adolescência.
É. Aquela mesma, que não tinha nenhum amigo, de repente se viu com duas dúzias.
E não conseguiu manter um único sequer.
A verdade é dor. Mas é sempre mais digna.
Tento encontrar conforto na música,
Já que não há ombro pra chorar,
Colo para deitar,
Braços que me abracem.
Falo sozinha,
Sou respondida pelo vento,
Ou por mim mesma, volta e sempre.
E assim se vai e vem, longos diálogos de dúvidas, reclamações, desabafos.
E assim eu busco conselhos, abrigo.
Eu mesma seco minhas lágrimas,
Eu mesma me empurro para continuar.
Não perdi minha fé nas coisas,
Não perdi minha fé em Deus,
Mas deixei de acreditar nas pessoas. Em todas elas.
Eu segui todos os protocolos sociais possíveis e mesmo assim nunca foi suficiente.
Chega. Eu dei um basta de provar algo para alguém,
Dei um basta de dar murro em ponta de faca,
É isso droga. Se conforme, não vai mudar.
É só isso mesmo.
Não são as pessoas. Sou eu.
Então o problema, está resolvido.
Silêncio.


Kelly Christine