23 de jan. de 2014

Ficou para trás...

Professora.
Policial Militar.
Tradutora - Intérprete.
Promotora Pública.
Engenheira Química.
Publicitária.
Tudo ficou para trás.
A festa de 15 anos.
A viagem à Disney.
O vestido bufante da formatura.
O cavalo.
Tudo ficou para trás.
O casamento.
O casal de filhos.
A casa com quintal.
A iguana, o bulldog.
A biblioteca cheia de livros, lidos e para ler.
Os filmes para assistir à dois.
Tudo ficou para trás.
A faculdade.
A felicidade.
O amor para toda vida.
O show de rock.
Os sonhos.
Tudo ficou para trás.
A esperança.
A fé.
A vontade se seguir adiante.
O desejo de dividir.
Tudo... ficou para trás.


Kelly Chrisitne

Ferrugem.

E nunca pesou tanto do jeito que pesa agora.
Eu que tinha os campos floridos de minha esperança tão bem cuidados,
Hoje vejo uma corrente enferrujada, numa terra que não nasce mais nada.
Esta é a melhor palavra que descreve esse sentimento: ferrugem.
Aquela bonita corrente, brilhante, segura, bem tratada,
Jamais abandonaria você quando precisasse.
Mas a realidade é bem outra,
O que não tem cuidado, perece com a ação do tempo.
O que não tem cuidado se desfaz.
Naquele chuveiro apertado,
Debaixo da água fria,
Fui eu e somente eu, abraçando os joelhos, que chorei.
Chorei tudo o que minha força pode suportar até então.
Ninguém viu, ninguém sentiu nada.
Só eu.
Ninguém está interessado no que você faz,
As pessoas só pensam em si mesmas, no benefício próprio.
Não ligam para mais nada.
A cobiça de ser melhor, de conquistar o mundo, de ser dono de si.
Esquecem que os amigos também precisam de cuidado.
Esquecem que amor se divide para se multiplicar.
Esquecem que, quem está ao seu lado, também quer se sentir importante, não invisível.
O mundo gira em torno de si mesmo.
O mundo gira... e pouco importa quem está ficando para trás.
Para que se preocupar com quem não pode te acompanhar?
Por que deve se importar com a limitação das pessoas?
Por que erguer quem está caído?
O que não tem cuidado, perece com a ação do tempo.
O que não tem cuidado se desfaz.
Por mais zelosa que seja a tarefa de cuidar deste jardim, de nada adiantará se o mundo pisa em minhas flores, desfolha meu canteiro e não planta nada novo no lugar.
Então foi sozinha, naquele quarto escuro de paredes cinzas e sem vida,
Numa noite quente, diante do pc,
Que eu decidi cimentar de vez este jardim.
Para quê cultivar flores,
Quando o próprio mundo as destrói?
Para que cultivar flores,
Se elas mesmas te machucam com espinhos?
Para que cercar com tanto cuidado,
Algo que o tempo cobriu de desolação e lágrimas?
As pessoas só se preocupam com dinheiro e status.
O mundo só está preocupado em sobreviver.
E eu tenho que me adequar a isso.
Resisti bravamente, os 35 anos da minha vida, relutante em deixar de lado os meus princípios.
Mas para que servem os meus princípios diante da realidade?
Não existem cores na verdade.
Ela é isso que eu vejo, sem ilusões, sem expectativas.
Não existe amor, fé ou qualquer outro sentimento que sobreviva diante dela,
Por maior que seja sua luta.
Sou uma máquina, programada para trabalhar até o final de meus dias,
Para pagar contas e sustentar uma cobiça que não é minha,
Fingir um orgasmo que não sinto,
Sorrir uma felicidade que não existe,
Viver uma vida que não planejei,
E conviver com pessoas que não quero estar.
Parabéns.
Tenho que deixar de ser pessoa e virar indivíduo.
O número da estatística.
A engrenagem do motor.
Parabéns.
Tive que fechar os olhos e ignorar o que sinto,
Esquecer os sonhos que eu sonhei,
Fingir que não tenho sentimentos.
Parabéns.
Tenho que aceitar tudo o que a sociedade impõe,
porque a verdade é essa e não está condicionada a mudança.
Parabéns.
A esperança e a fé que ainda me tornavam humana,
Viraram ferrugem.

Kelly Christine


20 de jan. de 2014

Um pouquinho mais...

E era assim que eu me via.
Eu achava que merecia só um pouquinho mais.
Um pouquinho mais de carinho, um pouquinho mais de compreensão.
Mas esse pouquinho não significava que eu precisava viver da caridade alheia.
Carinho é dado sem pedir,
Deveria ser recebido da mesma maneira.
Eu sabia que me sujeitava a certas coisas porque ainda tinha esperança.
De que as coisas poderiam mudar.
De que as coisas poderiam voltar a ser como antes.
E eu olhava pra mim.
Olhava bem pra mim...
O que eu via não era tão ruim assim.
Qual era o problema então?
O problema era justamente esse:
O que eu via, não era a mesma coisa que as outras pessoas viam.
Eu não queria ser só aquilo,
Eu queria mais.
Me mantinha em silêncio,
Triste, triste.
Sabia que não podia pedir. Sabia que uma hora ou outra, olhando no fundo dos meus olhos, tudo seria perceptível.
Seria mesmo?
Tanto tempo já se passou.
E eu ali, fiel como um cão. E como um cão, esperando por migalhas de tempo e atenção.
E era assim que eu me via.
Será que eu não merecia mais?
Provavelmente sim.
Mas se merecia mais, não receberia onde estava.
Eu só era interessante quando não havia mais nenhum outro interesse.
As palavras entalavam na garganta.
Triste, triste.
O sorriso que estampa o rosto, só disfarça o que o olhar livremente expressa.
Eu estava no tempo errado, na hora errada, no lugar errado.
Tudo errado...
Toda errada...
Era hora. De ir.
E deixar que a vida se encarregue de limpar as lágrimas e curar as feridas.
Pois eu me via, com todas as imperfeições e toda a capacidade de me superar e sabia:
Mesmo com todos os meus defeitos, eu merecia mais.


Kelly Christine.

16 de jan. de 2014

Não foi feito pra mim...

E eu fico pensando nas hipocrisias da vida,
De quando as pessoas sorriem falsamente pra mim,
De quanto aquele sujeito que mal me cumprimentava na rua,
Vai dizer tantas coisas no meu funeral.
Por que as pessoas são assim?
Esquecem quem um dia já as fez tão felizes,
Se lembram, quando a gente já partiu.
Economizam em sentimentos que deveriam esbanjar,
Esbanjam dores que nem deveriam existir.
Uma dor grande no meu peito denuncia o erro:
Não falar a ninguém como me sinto tem me definhado lentamente.
Não é uma escolha propriamente dita.
Quem teria me entendido?
Quem iria se dispor a me entender?
Eu quero falar de amor, eu quero falar de mim,
Falar dos meus erros, das minhas fraquezas,
Quero explicar porque o céu azul me encanta e as tempestades me assustam.
Eu quero amar incondicionalmente, me doar para sempre, sorrir sem medidas,
Fazer meu próprio filme de Hollywood, ter o meu conto da Disney,
Mas a realidade é outra. A verdade confortável nunca existiu.
O que existe é a verdade. E o que ela me diz é muito simples de entender:
Apesar de amar o amor,
Ele não foi feito pra mim.


Kelly Christine.

14 de jan. de 2014

O tempo passa...

Sou do tempo do caderno de perguntas,
Dos estojos musicais,
Da caneta de 10 cores,
Dos cadernos ‘Click’ da Tilibra.
Sou do tempo das balas Soft (assassinas!),
Dos quadrados e minúsculos ‘Chiclets’,
Do guarda chuvinha de chocolate,
E dos biscoitos ‘São Luiz’.
De quando nada substituía uma roda de amigos na praça da igreja,
Do Walkman, que só durava duas pilhas por fita cassete,
Dos uniformes com cara de colégio de freira,
Dos papéis de carta perfumados,
Do ‘Show dos Bairros’.
Sou do tempo que as garotas sonhavam com seus vestidos bufantes aos 15,
E com a festa conduzida por 15 cadetes da Aeronáutica.
Que nossos maiores ídolos ainda eram os pais,
E logo depois, toda a programação infantil da Manchete e TVS.
De um tempo, meio que remoto,
Onde eu tinha um caderno de poesia,
E escrevia sobre os sentimentos versando palavras.
Dos pôsteres colados nas paredes,
Da máquina de escrever,
Da família se reunindo na sala para ver o plantão do Jornal Nacional (é... com aquela música apavorante).
Eu vi gente morrer: Tancredo, Raul, Ayrton, Kurt, Mamomas, Tupac, Renato. L
Eu vi gente nascer:  (pois é, mas não lembro de ninguém com muita expressão)
E também vi o mundo mudar.
A internet chegou e devastou tudo.
O caderno de perguntas – virou aplicativo de celular.
Os estojo musical – virou celular.
A caneta de 10 cores – virou tablet.
Os cadernos – viraram Notebooks.
O Chiclets sumiu,
O guarda chuva de chocolate virou obesidade,
Os biscoitos viraram qualquer um,
A roda de amigos virou grupo no Facebook.
O Walkman virou Ipod,
Os uniformes sumiram, afinal quando mais curto, melhor.
Os papéis de carta viraram publicações na sua linha do tempo.
As garotas só querem saber de abas retas, príncipes vagabundos, tumblr e quadradinho de 8.
E as festas bufantes deram lugar a viagens em álcool e substâncias um tanto quanto ilícitas.
Os protestos de 20 centavos que duraram 20 segundos.
Os ídolos são aqueles que, quanto mais polêmicos, ruins de exemplos, desajustados, melhor.
O corpo vem em primeiro lugar do que a alma.
A máquina de escrever deu lugar ao teclado e a família se reúne para assistir o reality que nada inspira a não ser ainda mais vazio.
Sim o mundo mudou. Mas não quer dizer que tenha mudado para melhor.
Olho para o passado de tantas lições, e para o presente de tantas decepções e me pergunto:
Se é esse tipo de futuro e evolução que o mundo me reserva, mesmo eu tentando me mudar para por consequência muda-lo, vale à pena continuar insistindo?
Eu também me adaptei ao futuro.
Meu caderno de poesia virou blog,
Mas continuo escrevendo sobre os sentimentos, versando palavras.
Os cabelos brancos apareceram aos pares,
A visão embaçou-se,
O celular virou companheiro de solidão.
E assim caminha a humanidade,
Rumo à própria miséria.
O conhecimento virou artigo dos antigos,
Onde a minoria dos novos faz realmente questão de aprender.
Geração incapaz de formar uma idéia. Não tem base, pois não tem conhecimento.
Já imaginei nosso futuro como ‘Blade Runner’ e como ‘Matrix’.
Hoje, sei que vamos terminar como um grande filme de Hollywood: Parte 1 de 3.
Se ninguém te avisou, eu te conto: estamos iniciando a parte 2 de 3.
Ainda vai continuar aí, sem fazer nada?

Kelly Christine.



“Nada é permanente a não ser a mudança.” (Heráclito)


13 de jan. de 2014

Sentir falta...

Mas é claro que eu sinto falta.
Das mensagens repletas de carinho, logo pela manhã.
Da troca de olhares ao passar pela porta.
Das palavras não ditas ao toque de uma mão.
Claro que eu sinto falta.
Das risadas descompromissadas,
Do sorriso largo e sincero,
Das idéias tão cheias de ideais, discutidos calorosamente.
Claro que eu sinto falta.
Do por do sol divido e comtemplado,
Das brincadeiras, dos cutuques, da expressão cheia de malícia.
Do aconchego de um longo abraço.
Claro que eu sinto falta.
E como não haveria de sentir?
Tantas coisas tão especiais na minha vida,
Eu lutei bastante para manter,
Sofri, chorei e me doei o máximo que consegui.
Algumas derrotas já são declaradas antes mesmo de se lutar.
Para variar, lá veio a vida mais uma vez me dando uma rasteira.
Colocando palavras na minha boca que não disse,
E ações nas minhas mãos que eu não fiz.
E cá estou aqui, mais uma vez.
As mesmas lágrimas, o mesmo sentimento.
De novo, eu não falo e as pessoas me desenham.
Como? Por quê? São questões que eu dificilmente compreenderei.
E vejo tudo que eu pensava que era em definitivo meu, sendo tomado.
Contemplo um céu acinzentado lá fora, com um único pensamento:
Claro que eu sinto falta.

Kelly Christine

 Alguém me perguntou se eu conhecia você. Um milhão de memórias passaram pela minha mente e eu sussurrei: Não mais… (Caio Fernando Abreu)

8 de jan. de 2014

Arrumando minha bagunça.

Passa-se tanta coisa no meu interior que na maior parte das vezes se torna improvável escrever.
A bagunça tem se tornado corriqueira, mas incômoda.
Hora de mudar. Ou pelo menos, revelar-se.
O que estamos fazendo da nossa vida?
Até onde sou capaz de ir por mim? E por alguém?
E até onde alguém seria capaz de ir por mim?
Questões, perguntas, dúvidas.
Escrevo para eu mesma com medo de não ter mais ninguém para falar.
Mas a realidade é essa mesmo.
Hora de fazer planos, hora de pequenos sonhos se realizarem e grandes sonhos se encaminharem.
Hora do ‘olá’. Hora do ‘adeus’.
É preciso seguir em frente, sabendo que o passado deixou apenas lições e não um caminho de volta.
É preciso seguir em frente, sabendo que o futuro é o que almejamos e o presente é o que temos.
Vamos viver nossos sonhos.
Temos tão pouco tempo...


Kelly Christine

2 de jan. de 2014

Feliz Ano Novo...

E mais um ano se inicia.
Vejo pessoas iguais tentando ser diferentes.
Vejo pessoas diferentes tentando ser iguais.
Prefiro tentar fazer minhas atitudes de ano, do que prometer listas de coisas vazias.
Vamos ser felizes, vamos fingir que está tudo bem.
Atitudes são bem melhores que promessas.
Mãos que trabalham são mais santas que bocas que rezam.
Já não aceito qualquer coisa, já não quero qualquer coisa.
Entendo perfeitamente a diferença entre querer, merecer e precisar.
Tudo ao seu tempo, tudo tem um tempo.
Mas que tempo?
Em 2013, aprendi lições duras que me disciplinaram.
A dor que disciplina.
Foram momentos que não gostaria de repetir, mas que com certeza, foram necessários.
Aqui estou eu.
Uma junção de muitas coisas, de muito aprendizado.
Uma filosofia diferente, uma fé diferente.
Nenhum ano, como este ano, fez tanta revolução em mim.
Senti uma mudança significativa, que quero que se mantenha.
E eu manterei, fazendo o possível.
Trabalho. Tenho metas a serem cumpridas.
E me manterei em silêncio, pois quanto menos pessoas sabem dos seus planos,
Mais bem sucedidos eles podem ser.

Vamos lá 2014. Não quero que me surpreenda.
Quero apenas que me ajude a trabalhar.


Kelly Christine