30 de nov. de 2015

Portas Fechadas...

Faz muito tempo que deixei esse lugar.
Vejo a poeira esbranquiçando os móveis,
Muitas de minhas lembranças espalhadas pelo vento.
Como deixei isso acontecer?
Falar que é só tristeza é simplificar demais,
Falar que é só silêncio é justificar o injustificável,
Como explico o que eu sinto então?
Ainda perduram aquelas memórias vivas,
Que fizeram cicatrizes abertas em mim,
Parecem sentimentos distantes, vagos,
Mas ainda existem.
Eu me perdi num olhar ao longe,
Penso que seria melhor começar mais uma vez,
Mas como iniciar o que não tem mais ponto de partida?
O coração não está mais partido,
O tempo juntou pacientemente cada pedaço,
Solidificou o que pensei que não havia mais conserto,
Mas deixou danos colaterais.
O que está estruturado, também permanece fechado,
Não me permito chorar,
Não me permito amar,
Pois não há mais espaço para isso em mim.
Os sentimentos abundantes se tornaram rarefeitos,
As emoções coloridas, se tornaram uma vida em escala de cinza,
Onde você pode até entrar,
Mas não perceberei quando você for sair,
Porque não importa mais.
Não importa mais quem entra (se conseguir entrar),
Não importa mais quem sai (se há ainda alguém para sair),
O mundo continuará girando,
Independente de você estar infeliz ou não.
A poeira espalhada pelos móveis,
Lembra que também em mim,
Há um lugar onde tudo era bonito,
E alguém chamava de lar,
Hoje, pó e esquecimento,
De portas fechadas,
Para quem quiser entrar.


Kelly Christine