30 de jun. de 2011

A Música e o Protesto.

Fazia um tempinho que não fazia um post sobre a música aqui no vento. E com todas as coisas acontecendo no mundo atual, tantas lideranças de ditadores caindo, tanta gente querendo se dar bem e conseguindo nada, resolvi escrever sobre a música e o protesto no geral. Se tem algo que os músicos sabem fazer muito bem além de boa música é um bom protesto (principalmente os rockstars). Aqui separei alguns ativistas políticos, sociais, e porque não, ativistas favorecendo a própria causa. Eis os encrenqueiros da música (mas por uma boa causa... ou não...rs)
A listinha é só com alguns exemplos em destaque. Sei que existem muitos mais que fazem boa música, com motivos nobres.
Vamos a ela:

RAGE AGAINST THE MACHINHE: Killing in The Name. - Não conheço uma única música dessa banda fantástica que não gere uma polêmica ou faça um protesto nas suas letras. Dei graças por eles retornarem de novo, após tanto tempo, um hiato estranho e o Audioslave (que particularmente nunca gostei) ter finalmente se extinguido. Escolher uma música para estampar e representar o RATM chega a ser cruel, então, escolhi a minha favorita (:P). Como o próprio nome já diz, as guerras e as mortes sempre começam em nome de alguém. -.-

SYSTEM OF A DOWN: B.Y.O.B.. – Não dá pra falar de música, protesto e ativismo sem falar de S.O.A.D. Serj Tankian e Daron Malakian, compositores e integrantes da banda, com descendência armênia e origem americana com certeza tem muito o que protestar. Sim, eles voltaram! Depois de um longo hiato de quase cinco anos, eles anunciaram uma série de shows para esse ano. A música critica a integridade das guerras promovidas pelos Estados Unidos. B.Y.O.B. é um acrônimo de "Bring Your Own Bombs" (em português: Tragam Suas Próprias Bombas). Com alto conteúdo político e escrita em protesto pela guerra do Iraque. Mostra o avanço da tecnologia e a fúria das guerras.

AVENGED SEVENFOLD: M.I.A.- A banda por si só já tem várias letras polêmicas, mas M.I.A. em especial foi escrita após o vocalista M.Shadows falar com seus amigos que estavam lutando na guerra do Iraque.Ainda há tropas americanas no Oriente Médio e o atual presidente dos E.U.A. prometeu a retirada de 32mil soldados até o fim de 2012.

GREEN DAY: American Idiot. - Billie Joe Armstrong e Cia. São, com certeza, caras de muito bom humor. Quem conhece as músicas e as letras do GD sabe do que eu estou falando. Porém, depois de serem duramente criticados por mudar o estilo irreverente para o politizado com seu álbum anterior (Warning-2002) e ter um álbum completo roubado do estúdio em 2003, American Idiot chegou em 2005 como a grande volta do GD ao sucesso. O álbum todo em si é uma grande crítica de oposição à administração de George W. Bush em particular, e também à sociedade americana contemporânea em geral. Não podia resultar em outra coisa: sucesso de público, virou musical na Brodway e já está sendo produzido o filme homônimo.

KORN: Y'all Want A Single. – Eu sou rockeira assumida. Nu Metal é com certeza um dos estilos que mais gosto, então falar de Korn é muito suspeito. Falemos da musica então (:P). Faixa que integra o Álbum "Take a Look in the Mirror" de 2003, não digo tanto a letra, mas o videoclipe critica a indústria musical dos Estados Unidos (sempre eles né?)

 U2: Sunday Bloody Sunday. - Quem conhece o Bono Vox Ativista, Embaixador da ONU de hoje, pode não saber que ele começou essa história de protesto, paz e ativismo há muito tempo atrás. Sunday Bloody Sunday, é o nome da canção que os U2 compuseram em 1983 em memória da tragédia que se abateu sobre os irlandeses no dia 30 de Janeiro de 1972, durante uma marcha de protesto pelos direitos civis da Northerm Ireland Civil Rights Association, após a publicação de um decreto do Governo Britânico que permitia a prisão de elementos suspeitos de terrorismo sem julgamento.

 RACIONAIS MC’s: Negro Drama. – O quêêê?????? Racionais na lista???? Sim, Racionais sim! A voz de Mano Brown é mais conhecida nos guetos e periferias de todo o Brasil, que se tornam quase MPB. Não, não estou falando no sentido pejorativo da coisa. Na minha modesta opinião, não existe voz nacional que retrate melhor, o preconceito, o racismo, a falta de dignidade das classes mais baixas. Com doses altas de veneno e sarcasmo, todas as letras que conheço do Racionais protestam e falam sobre a mesma coisa: o racismo, que gera a pobreza que gera a violência. Eles são base inspiradora para vários rappers de todo o país. Difícil escolher uma única canção aqui. Fico com a mais popular deles.


Listinha polêmica? Provavelmente sim leitor amigo. Saudades de falar sobre música e comportamento e dividir com vocês.
Comentários abertos para sugestões e peço PERDÃO se esqueci de algum nome.

Kisses

Kelly Christine

29 de jun. de 2011

Carta de Encerramento de Uma Vida Curta.

Querido Deus,

Essa carta segue para agradecer a vida curta que me deste. Sofria muito em conseqüência de problemas que jamais entenderei como começaram e porque nunca terminaram. Fiz amigos, fiz inimigos, gente que adorou me conhecer e gente que me odeia só de ser pronunciado o meu nome. Foi uma vida curta Senhor.
Muitas brigas, amigos falsos, amor ilusório e platônico, família que só serviu de geradora de vida, não de estrutura ou base social. Conheci muitos momentos felizes, mas no geral, a vida em si foi uma droga, e nada aprendi com ela, só mesmo a sofrer, chorar, me lamentar. Carreguei no coração várias feridas, lembrava a cada passo que eu dava, os erros que tinha cometido e os que nunca sonhei em fazer, mas paguei por eles mesmo assim. Lembrei-me de todos os dias que me sentia sem chão, vazia, querendo apenas um abraço para ter forças de continuar a passar por essa vida curta. Não ganhei nada disso, apenas mais uma resma de peso para carregar. Mais cicatrizes, mais problemas. Acreditei no amor, acreditei nos ‘instantes mágicos’ e percebi que fora tudo palavras bonitas, porém vazias,  de um livro qualquer de auto-ajuda. Apenas.  Respeitei meu caráter, tive fé no amanhã, vivi honestamente e dignamente. Nunca roubei, nunca me droguei, sempre tive uma conduta certa. De nada serviu tudo isso. Foi uma vida curta, monótona, sofrida e te agradeço mais uma vez meu Senhor, que essa vida acabou. Hoje meu corpo jaz tranqüilo, abaixo de uma lápide fria; tão fria quanto os abraços que esperei em vão receber, tão fria quanto o carinho dado pela pena da “menina pobre e traumatizada”, uma pena que eu nunca roguei pra mim.
Agradeço Senhor por ter dado fim a cada lágrima derramada em vão, em nome dos sonhos que não realizei, das muitas coisas que deixei de fazer, dos amigos que precisava e não tive, do amor da minha família que queria tanto e nunca consegui, das minhas milhares de contas que nunca tive dinheiro para pagar, por cada aborrecimento e descrença que tive no dia de amanhã, trabalhando em um emprego que não me dava nenhum reconhecimento, nenhuma alegria. Obrigado Senhor. O corpo sofreu como nunca o que a alma sentia calada, trancada dentro de si mesma, em silêncio para ver se passava despercebida. Ele continua repousando em paz, abaixo da lapide fria, enquanto a alma conhece o novo mundo, enxerga as cores de outra forma, se liberta, se permite, acredita em si mesma. Não quer mais olhar a vida curta que tinha. Não quer mais olhar para trás, aquele corpo que ninguém jamais amou foi abandonado por ela. A alma livre, como o vento.
Obrigado Senhor. O Anjo da Morte repousou suas asas suaves sobre mim, e finalmente me fez conhecer uma paz que jamais havia experimentado antes. A paz do silêncio, da isenção de explicações. Uma paz que só conhecemos uma vez na vida.

Obrigado Senhor,

Precisei chegar ao fim da vida para obter tudo o que queria.

Kelly Christine

28 de jun. de 2011

Amor: Mode OFF.

Que sonho tão maluco foi esse?
O beijo que termina com lágrimas
A tristeza que invade o peito antes tão feliz
Que sonho foi esse, virando pesadelo?
Que sonho foi esse?
Eu tão feliz, tão sorridente,
Eu tinha encontrado o amor, agora tão ausente
Eu tinha dado o melhor de mim, e recebia apenas o nada
O carinho retribuído, esmolado, carinho que virou caridade
Não quero ser transformada em diversão para o tempo ocioso,
Tenho sentimentos, vão além dos pixels que separam duas imagens apenas
Não sou algo apenas pra agregar atribuições curriculares,
Sou uma pessoa que ama, que chora, que tem defeitos
Qualidades? Poucas, porém genuínas.
O amor incondicional é uma delas.
O amor verdadeiro, ingênuo, puro
Por que não dá valor a isso?
Por que quero falar tantas coisas, quero desabafar tantas dores
Por que não me escuta?
Onde está o meu tempo? Onde entro no cronograma?
Quando quero libertar o que sinto
Por que me restringe?
Por que ferir alguém que só te deu amor, carinho, atenção,
Por que depois de abrir mão de mim mesma eu ainda escuto o ‘não’
Por quê?
Eu choro sozinha em meu quarto
Minha única companhia é o frio
Um frio de uma solidão profunda,
Que não pode ser amenizada nunca
O Premio de consolação
Cinco minutos de atenção
Vários “Eu te amo” ditos quando o assunto falta.
E os sentimentos?
E a verdade escondida por trás deles?
Que sonho maluco foi esse?
Príncipe encantado? Não. Príncipes são doces, atenciosos, gentis
Explicação lógica? Eu não mereço ser feliz.
Pagando pelos erros que não cometi
Vivendo uma vida que eu não escolhi
Sigo minha estrada, tão cheia de espinhos e dor
Seguindo os passos daquilo que chamo de amor
Um dia, olhará no fundo dos meus olhos, e descobrirá
Baterei a mão no peito, olha esse cara aqui! Ele só sabe te amar!
Mas não terei como fazer isso na sua frente.
Pois mais uma vez...Você estará ausente...

Kelly Christine

Amor Incondicional

...E eu deixei de novo o amor vencer
Deixei-o tomar conta de mim, do meu viver
Abri o coração, permiti ele entrar
Me dei mais uma chance de sonhar
Dediquei o melhor de mim apenas
Declarando o tempo todo, os defeitos da minha alma pequena
Ele observava tudo e não parecia se importar
E eu aqui, pensando numa nova maneira de amar
Me devolveu um sorriso, há muito tempo deixado para trás
Promessas de lágrimas e sofrimentos, nunca mais
Enfrentar o mundo de mãos dadas. O que mais posso querer?
Olhar na mesma direção, dividir o mesmo amanhecer
O amor incondicional na minha vida finalmente surgiu
O amor que é cego, não aceita não como resposta, nunca traiu
Aquele que dedica a alma, o corpo e aceita condições
Aquele que nada conhece de dor, nem de razões
Amor este que pra mim, só em filmes poderia existir
O sentimento que purifica o olhar e que te levanta ao cair
O sonho impossível, se tornando realidade
A busca infinita que se encerra encontrando a felicidade
Tudo tão rápido, o medo de não ser real
Tudo tão rápido, seria o mesmo erro, tão igual?
O desejo de amar o amor intensamente
Anula as palavras que morrem na garganta simplesmente.
A troca de olhares, a sensação de o coração pulsar
Os olhos que até então só conheciam sombras voltam a brilhar
O desejo de estar junto, perto, o abraço tão esperado
A incrível coincidência de amar e ser amado
Quem isso nunca desejou?
Quem a vida toda, a busca do amor se dedicou?
Encontrei o amor incondicional e ele encontrou a mim
A jornada eterna encontrou o seu fim
A única coisa a pedir: nunca me deixe e nunca te deixarei
Levaste tudo de mim, meu coração te entreguei
Tornou os meus sonhos reais, aquilo que era apenas ilusão
Ensinou a sorrir de novo, perdoar o que não tinha perdão

E o destino quis assim: no meu caminho te colocou para te encontrar
Enquanto houver um sopro de vida em mim, eu sempre irei te amar...

Kelly Christine
Amo você. Mais do que você imagina. Menos do que você merece.

27 de jun. de 2011

Amor à Poesia...(6)

O poeta desse mês atrasou um pouquinho, mas saiu! Trabalho significante na literatura brasileira, esse poeta fantástico tem trabalhos super modernos abrangendo diversos temas, que vão da poesia doce até as críticas em forma de versos... Para quem não conhece, segue aqui no Vento um pouco da obra desse personagem magnífico. Com vocês, Palavras de Gullar...

Ferreira Gullar
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim
É todo mundo:
Outra parte é ninguém:
Fundo sem fundo.
Uma parte de mim
É multidão:
Outra parte estranheza
E solidão.
Uma parte de mim
Pesa, pondera:
Outra parte
Delira.

Uma parte de mim
Almoça e janta:
Outra parte
Se espanta.
Uma parte de mim
É permanente:
Outra parte
Se sabe de repente.

Uma parte de mim
É só vertigem:
Outra parte,
Linguagem.

Traduzir uma parte
Na outra parte
_ que é uma questão
De vida ou morte _
Será arte?

Ferreira Gullar
Um instante
Aqui me tenho
como não me conheço
          nem me quis

sem começo
nem fim

          aqui me tenho
          sem mim

nada lembro
nem sei

à luz presente
sou apenas um bicho
           transparente

Ferreira Gullar
Cantiga para não morrer
Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve. 

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração. 

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar. 

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

Ferreira Gullar

Bom mesmo não acham?

Onde Está Meu Deus Agora?

“Por que me Abandonaste?”
Até Jesus um dia, só se sentiu
A fé parecia fraquejar
O sonho apenas sumiu
Onde está meu Deus agora?
Aquele Pai não está aqui para secar minhas lágrimas
Não está aqui para amenizar a minha dor
Não está aqui para diminuir as minhas mágoas
Nem preencher o vazio com amor
Onde está teu Deus agora?
Onde está minha fé, me abandonou?
Apenas a tristeza ficou?
A esperança partiu
A crença no amanhã se extinguiu
Onde está nosso Deus agora?
Quando os problemas me cercam
Quando tudo parece que foi em vão
Quando entre as mãos, os olhos se desesperam,
Quando você mesmo, não aceita o perdão
Onde está meu Deus agora?
Não me trouxe o conforto do abraço
Não me deu a chance de continuar
Não perdoou os meus erros, meu fracasso
Não me dá esperanças para recomeçar
Onde está teu Deus agora?
Onde está minha fé, que se perdeu
Onde está Ele agora, que não está aqui
Para que se fazer? Nada a mim prometeu.
Por que quero ficar? Por que devo ir?
Onde está nosso Deus agora?
Porque não O sinto aqui? O que há de errado comigo?
Por que sinto meu coração cada vez mais calado
Onde estão meus amigos?
Onde está a força que preciso ao meu lado?
Onde está meu Deus agora?
Sim, ele está aqui em algum lugar
Não importa se eu não O vejo, sei que Ele está presente
Deixo a porta aberta para Ele entrar
Deixo o coração em paz, para poder ficar contente.
Os problemas não vão desaparecer
As lágrimas não vão diminuir
Mesmo assim eu luto contra o meu viver
Para não deixar minha Fé sumir.
Se for para combater o bom combate e guardar a Fé
Como São Paulo assim o fez
Lutarei até meu último suspiro
Até enquanto tiver sensatez

Onde está meu Deus agora?

Aqui, e onde mais deixarmos sua voz ser ouvida e sua presença notada.

Kelly Christine

22 de jun. de 2011

Broken Heart...[It's Over Again]

E a felicidade tinha sorrido pra mim,
Era o que eu acreditava
Era mentira, era o fim
Era o amor que não me amava.
Os olhos felizes, agora cheios de lágrimas
O abraço quente, agora vazio
Coração batendo intenso, cheio de mágoas
Do calor do corpo, apenas o frio
Acabou
Eu não pedi para acontecer
A tristeza não foi embora, ficou
E mais uma noite em claro, vendo o amanhecer
Tudo perdido, mais uma vez
Porque sempre comigo? Por que sempre eu?
O sorriso no rosto rapidamente se desfez
Tudo novamente morreu
E o fim, apenas
Foram noites lindas, hoje tão iguais
Foi um sonho da alma pequena
Acabei de acordar, nada mais...


Eu amei mais você...do que eu... :’(

Kelly Christine

17 de jun. de 2011

Mar de Lama...

TEXTO PESSOAL.
Querido Leitor(a) só leia se realmente tiver um tempo e paciência para isso. Caso contrário, passe para o post seguinte.
Aqui eu abro o meu coração. Se deseja entrar e conhecer, siga adiante.

Era fácil perceber que havia algo errado. Os olhos sempre com aquela sombra de dor, sempre cabisbaixa, sempre triste, um olhar perdido, um semblante desprovido de qualquer sorriso. Sorrir. Nem me lembrava como era isso.
Mais um dia se passou. O mesmo lanche de sempre, única refeição do dia, que enganava a fome que me consumia, mas fazia me lembrar também que não havia nada mais que eu poderia fazer. Tudo que eu podia, já foi feito. Abria a gaveta todos os dias e chorava. Faturas, cartas de cobrança, o telefone que não parava de tocar, cobrando, cobrando, cobrando. Minha mãe reclamava de tudo, já que ela atendia esses telefonemas: era a filha que não prestava, não valia nada, não tinha onde cair morta, nunca iria ser alguém na vida, nunca iria ter nada. NADA!
A rotina era essa: acordar aos berros da mãe, banho rápido, se trocar, menino na escola, ônibus lotado, trabalho que não me dá satisfação alguma, almoço sentindo apenas o cheiro da comida alheia, mais trabalho e insatisfação, ônibus lotado, trânsito infernal, casa, gritos da mãe, banho rápido, menino na cama, PC. De segunda a sexta, a mesma rotina, sem mudar um único passo. Isso é vida?
Chegar a um lugar depois de um dia difícil e não me sentir em casa.
Sair de um lugar onde não me sinto em casa e se perguntar por que tem que voltar.
Continuar a viver a vida, acreditando que amanhã será melhor que hoje e que hoje é melhor que ontem, mesmo que todo o universo te diga o contrário. Eu queria gritar!
Gritar pra alguém pelo amor divino, não me deixasse eu me afogar no mar de lama que me cobria até os ombros agora, gritar por ajuda! Eu já não estou suportando carregar isso sozinha. Eu olhava para os lados. Ninguém. Eu olhava para cima. Ninguém. Eu olhava para mim mesma. Só havia vazio. Então com o grito preso na garganta, eu mesma me afundei, deixando o silêncio tomar conta de mim. Onde estavam todas as pessoas que eu ajudei a devolver os sorrisos? Onde estavam aqueles que falaram que jamais iriam me abandonar ou trair quando eu mais precisasse? Onde estão?
Passei a tarde inteira travando uma luta comigo, querendo apenas um abraço, tentando pedir ajuda a quem confiava e não encontrando ninguém. Parecia que as pessoas não me levavam a sério. Mas eu estava ali me afogando no mar de lama. Será que ninguém consegue ver? Será que ninguém consegue enxergar quando o outro ao lado precisa de ajuda? É preciso pedir? É preciso gritar?
Por que ninguém tinha a mesma consciência que eu sobre uma pessoa quando está com problemas? Eu sentia quando as pessoas precisavam de ajuda. Era às vezes, uma palavra mais dura, uma atitude mais sensível, um choro sem motivo. Elas não precisavam me falar nada. Eu sentia nas entrelinhas o que poderia ser. E agia conforme a necessidade, tentando ajudar como eu podia. Desde menina eu fui assim, porém nunca encontrei alguém semelhante. Já estava começando a me sentir um alienígena, pois me sentia diferente das pessoas, e queria agora o mesmo pra mim. Seria mesmo?
O estômago grita o que quero esconder de quem não vê. O silêncio esconde o que as lágrimas não têm nenhum pudor de mostrar.
Uma revolta sem limites tomou conta de mim. Não quero mais viver a vida que eu não escolhi. Não quero mais ter que encarar sozinha, o que não consigo carregar sozinha. Não quero mais, porém, não há nada agora que eu possa fazer para mudar isso.
Lágrimas, solidão, revolta. Eu era um misto de tudo que me tornava absolutamente nada. Se dias melhores virão e essa seria só uma fase, essa fase já demora 30 anos que não passa.
Ao contrário do que as pessoas por aí falam: “você é saudável, é forte, trabalha, tem a vida toda pela frente...” sinceramente isso tudo para mim, é pura hipocrisia. Ninguém disse que eu era saudável, afinal habitante da grande metrópole São Paulo, ter um único problema respiratório ainda te deixa na vantagem. Porém, esse problema se agrava a cada ano, e agora, por ser alimentado pelas emoções, começou a fugir do meu controle.
Ninguém disse que eu era forte, pois eu já não consigo suportar a dor se seguir adiante.
O trabalho é instinto de sobrevivência, não me agrega valores nem morais nem financeiros.
Ainda dá pra continuar nessa hipocrisia?
Não, não sei se dá. Ir dormir todas as noites sem querer saber se quero acordar no dia seguinte não é vida. Só quem passa por isso sabe como é se sentir assim.
Olhar para o meu filho e saber que na condição que eu estou hoje jamais poderia dar um futuro simples, porém digno é frustrante pra mim.
Continuei a noite mergulhada nas minhas lágrimas, procurando alguém para jogar a corda para eu não me afogar. Eu não queria perder a esperança, nem a fé, mas o resultado da procura foi nulo. A única coisa que eu encontrei foi o mesmo vazio de antes, e agora, o frio da certeza.
O mar de lama não me matou.
Eu me deixei ser consumida por ele.

Kelly Christine

15 de jun. de 2011

O Oposto de mim...

Por que tanta tristeza? Eu olhava para o espelho e perguntava. O reflexo me encarava com a frieza de quem me conhece bem e respondia: “você sabe a resposta.”
Eu sabia.
Sabia e não queria acreditar. A tristeza era minha culpa.
Culpa de carregar na alma, o que o coração rejeitou.
Culpa de acreditar em sonhos impossíveis, mas tão belos que poderiam ser reais.
Culpa minha... pura e simplesmente.
Eu amei o amor, e o próprio amor me rejeitou.
Com sua vaidade infantil, seu jeito impulsivo, seu ciúme doente e seu egoísmo excêntrico.
O amor que não trai, me traiu.
O amor que não fere, me feriu.
O amor infinito, que não durou para sempre.
Cansada de mais uma decepção, eu me recolho dentro de mim, e me calo. Procuro no refúgio do silêncio, a única fuga possível, do inferno em chamas que se manifesta em mim agora.
Silêncio...
Dentro da alma, pela casa, ou olhando para o espelho que me encarava de volta, o silêncio tinha o mesmo som: o som pesado, das palavras não ditas, do amor dilacerado, no peito que lutava contra os deuses para se manter vivo.
Quero trocar de lugar com o reflexo do espelho. Aquela garota não tinha sentimentos, não se magoava, tinha a resposta para todas as perguntas.
Aquela garota era fria, calculista, anti-social.
Aquela garota era o oposto de mim.
No entanto, ela sorria. Parecia não se importar nem com as pessoas, nem com os sentimentos delas. Não tinha gentileza nas palavras. Não tinha sutileza na voz, doçura no olhar.
Era o oposto de mim.
E parecia mais feliz... havia dinheiro, e onde há dinheiro há ‘grandes amigos’ dispostos a gastá-lo com você ou para você.
Eu não tinha nada. Eu não tinha ninguém.
A gentileza das minhas palavras,
A sutileza da minha voz,
A doçura no olhar,
O carinho, a atenção o afeto que eu tinha pelas pessoas,
Tudo inútil. Já que quem ganhava a guerra e respondia as perguntas até então esquecidas e dolorosas era o oposto de mim, a garota no espelho.
Vi amigos, virando as costas pra mim, virando inimigos
Vi um amor ruir, virando cinzas.
Vi os sonhos acabarem, antes mesmo de eu lutar por eles...
E a garota ali, olhava pra mim, alheia ao meu sofrimento,
O oposto de mim...

Kelly Christine