15 de jun. de 2011

O Oposto de mim...

Por que tanta tristeza? Eu olhava para o espelho e perguntava. O reflexo me encarava com a frieza de quem me conhece bem e respondia: “você sabe a resposta.”
Eu sabia.
Sabia e não queria acreditar. A tristeza era minha culpa.
Culpa de carregar na alma, o que o coração rejeitou.
Culpa de acreditar em sonhos impossíveis, mas tão belos que poderiam ser reais.
Culpa minha... pura e simplesmente.
Eu amei o amor, e o próprio amor me rejeitou.
Com sua vaidade infantil, seu jeito impulsivo, seu ciúme doente e seu egoísmo excêntrico.
O amor que não trai, me traiu.
O amor que não fere, me feriu.
O amor infinito, que não durou para sempre.
Cansada de mais uma decepção, eu me recolho dentro de mim, e me calo. Procuro no refúgio do silêncio, a única fuga possível, do inferno em chamas que se manifesta em mim agora.
Silêncio...
Dentro da alma, pela casa, ou olhando para o espelho que me encarava de volta, o silêncio tinha o mesmo som: o som pesado, das palavras não ditas, do amor dilacerado, no peito que lutava contra os deuses para se manter vivo.
Quero trocar de lugar com o reflexo do espelho. Aquela garota não tinha sentimentos, não se magoava, tinha a resposta para todas as perguntas.
Aquela garota era fria, calculista, anti-social.
Aquela garota era o oposto de mim.
No entanto, ela sorria. Parecia não se importar nem com as pessoas, nem com os sentimentos delas. Não tinha gentileza nas palavras. Não tinha sutileza na voz, doçura no olhar.
Era o oposto de mim.
E parecia mais feliz... havia dinheiro, e onde há dinheiro há ‘grandes amigos’ dispostos a gastá-lo com você ou para você.
Eu não tinha nada. Eu não tinha ninguém.
A gentileza das minhas palavras,
A sutileza da minha voz,
A doçura no olhar,
O carinho, a atenção o afeto que eu tinha pelas pessoas,
Tudo inútil. Já que quem ganhava a guerra e respondia as perguntas até então esquecidas e dolorosas era o oposto de mim, a garota no espelho.
Vi amigos, virando as costas pra mim, virando inimigos
Vi um amor ruir, virando cinzas.
Vi os sonhos acabarem, antes mesmo de eu lutar por eles...
E a garota ali, olhava pra mim, alheia ao meu sofrimento,
O oposto de mim...

Kelly Christine

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