27 de dez. de 2016

Eu lembrei de você hoje...

Eu lembrei de você hoje.
Vi o rosto de um menino na piscina que estava, vermelho queimado de sol, tão branquinho quanto você.
Eu lembrei de você hoje.
Contei para meu filho todas as vezes que você me fez rir, e quando segurava minha mão para impedir que o meu mundo caísse.
Eu lembrei de você hoje.
Quando passei por aquela rua e apontei para a cobertura do prédio mais alto, eu lembrei: ah, eu já mostrei isso pra ele.
Eu lembrei de você hoje.
Lembrei de todas as vezes que andamos juntos, rimos juntos e choramos juntos.
Eu lembrei de você hoje e centenas de lembranças vieram à tona.
As caminhadas intermináveis com um assunto que não acabava mais.
As reclamações de tudo, com tudo e para tudo.
As longas conversas durante a madrugada.
Eu lembrei de você hoje.
Todas as pequenas e singelas coisas que eu tentei te mostrar, que você não conhecia e eu nunca saberei o porquê já que eu mesma não entendia isso.
Eu lembrei de você.
De todas as vezes que eu briguei, esperneei e chantageei para te mostrar que outro caminho era possível,
Que aqueles problemas tinham solução,
Que não se podia desistir nunca.
Até perceber... que nada mudaria.
Eu lembrei de você hoje,
E que saudade doída se abateu em mim,
Uma saudade sem fim, um choro em silêncio.
Não adiantava mais insistir, pois existem pensamentos que precisam ser provados, não discursados. E isso, você não entendia.
Eu lembrei de você hoje.
Em meio a um ano cheio de catástrofes e amarguras, você ocupou um dos lugares mais bonitos em mim. E eu pensei, até então, que seria pra ficar.
Eu lembrei de você hoje.
Mas o preço que eu pedi pelo meu coração era caro demais pra você pagar.
As caminhadas sessaram,
As palavras mutaram,
O assunto morreu.
E o lema de ‘não desistir’ se perdeu.
Eu lembrei de você hoje.
Fiz uma oração baixinho, disse seu nome, agradeci.
Aquelas coisas bonitas ninguém pode me tirar.
Eu lembrei de você hoje,
Apesar das feridas, das cicatrizes, da dor, eu precisava ter lembrado.
Não acreditava mais em mim,
Achava que eu tinha traído, achou que eu tinha mudado.
Eu lembrei de você hoje.
Em silêncio corre pelo meu rosto a lágrima do adeus,
Não fui preparada pra isso, fui obrigada a aprender.
Eu lembrei de você hoje.
As palavras duras ditas com ódio, numa conversa cheia de ressalvas,
Nada explicado, nada resolvido.
Ao contrário de mim, você não me precisa,
Seguiu seu caminho com suas escolhas, e me amaldiçoou:
Não precisei lembrar de você hoje,
Já que não pude te esquecer...


Kelly Christine


22 de dez. de 2016

Deixe Ir...

Deixa eu aqui te contar,
Em meio a uma dor insuportável,
Tão pesada de aguentar,
Preciso dizer adeus.
E quantas vezes eu olhei ali, meio de lado,
Escondido, lá no canto,
Meu Deus, apara o pranto,
De quem mal sustenta essa melancolia,
Acaba logo esse dia,
Acaba logo, me deixa repousar,
Preciso parar de pensar.
Você nunca me pertenceu,
E, no entanto, como explicar para o meu coração,
Aos berros, bate no meu peito,
A saudade que fica,
A pessoa que vai.
E quem sou eu para disputar com as asas que o destino te deu?
Quem sou eu, pobre mortal,
Mais um ser humano igual,
Uma face na multidão,
Ah, acaba logo com isso, coração!
Chega de se apegar,
Sua função sempre foi outra,
Não se cansa de quebrar?
De se fortalecer no silêncio... pra depois se fragilizar?
Anda logo com isso,
Já somos íntimos do precipício,
Chega de confiar no destino,
Chega de fingir que é um menino,
E que tudo lhe é permitido.
Deixe-o partir,
Deixe as portas abertas, de par em par,
Sem remorsos, sem olhar pra trás,
Deixe ir,
Apenas mantenha a fé,
De que você fez o seu melhor,
Fique de pé,
O chão já nos conhece,
Em silêncio, mais uma prece.
Que seja feliz em sua nova jornada,
Sentirei falta de nossas conversas na madrugada,
Mas todo pássaro foi feito pra voar,
Eu sei, é impossível não chorar,
Mas o destino quis assim.
Você precisa partir,
Com o coração aos pedaços, escuto minha mente dizendo:
Deixe ir.

Kelly Christine.



17 de dez. de 2016

De todos os sorrisos...

De todos os sorrisos desse mundo,
Por que fui escolher justamente o seu?
De todos os abraços que queria em volta de mim,
Por que logo o seu?
Para que viver mais uma mentira,
Para que acreditar?
Distante, tão alto, sonhando acordada,
Cair... e não levantar.
Eu evitei com todas as forças que pude,
Expor o meu coração,
Pequeno, triste a miúde,
Escondi em vão.
As pilhas de livros num canto qualquer,
Revelam os sonhos do coração de uma menina,
Preso no corpo de uma mulher,
Que aos poucos, se acaba e definha.
Em silêncio como sempre,
De repente, por muito tempo segurei,
Não deu mais,
A lágrima escorre teimosa pelo rosto,
Muitas outras vem atrás.
E o choro contido de quem foi forte enquanto deu,
Lutou, sangrou, caiu e perdeu,
A batalha de um coração remendado,
Ferido, aos pedaços e sempre deixado de lado,
O sorriso de quem, calada, engole uma vez mais,
A tristeza de ser deixada pra trás.
Então, meu amigo, boa sorte,
Só o melhor eu te desejarei,
Que a vida te mantenha forte,
E deixe as flores que no teu caminho depositei,
Que todos te tratem bem,
Que cuidem de ti, como eu cuidei.
Só não esqueça de uma coisa:
Fiz o melhor que pude,
E dei o melhor de mim, 
Para conhecer por tuas mãos,
O meu fim.
Choro agora ao me lembrar,
De todas as coisas, simples, que eu pude te mostrar.
Mas a vida é mesmo assim,
A realidade vem, e te avisa:
Você é mais uma qualquer,
Não tem nenhuma importância,
Uma única diferença sequer.
Encara as coisas de frente,
É o que precisa fazer, não o que você quer,
Olhando pela janela,
Não quero aceitar,
Que essa face verdadeira,
É a que deveria reinar,
Um pranto que não pára,
Um grito que se cala,
Lembra ao meu coração, que escuto ruir:
Entre os meus dedos escorre a dor,
Felicidade já não sei.
De todos os sorrisos que conheci,
O seu foi o que eu mais amei.


Kelly Christine

8 de dez. de 2016

Lei do Retorno...

Essa é a parte mais engraçada de uma vida que eu não entendo...
Sabe, quando eu era uma bela vadia, que não me importava com os sentimentos alheios, não me machucava tanto.
Viver parecia mais fácil.
Respirar era mais fácil.
Hoje, os anos passaram.
Sinto o peso da velha experiência que te torna uma pessoa mais frágil, mais suscetível.
Te olho no fundo dos olhos.
Sei quando mente pra mim.
Antes, era tudo mais fácil.
Eu enfraqueci.
Antes, você era jovem, e todo o seu mundo se resumia as nossas caminhadas.
Hoje, eu te vejo mentir... tão descaradamente,
Não vou fazer nada,
Eu enfraqueci.
Cada estúpido desejo meu era realizado como se uma rainha comandasse o seu feudo.
Hoje, um simples pedido, meu Deus, quanto trabalho...
Quanto vai custar?
Quanto trabalho vai te dar?
E se chover?
E se não chover?
E se?
Pra quê?
O tempo passou,
A beleza nunca me pertenceu, o pouco que tinha minguou,
Os cabelos embranqueceram,
Os olhos fundos de quem pouco dormiu, pouco viveu e muito lutou,
Tem uma sombra permanente sob o olhar.
Eu enfraqueci.
Eu só queria ver as luzes de Natal.
Não era tão difícil assim.
Ou era?
Aí a gente conclui,
Quando eu era aquela bela vadia, todos se ajoelhavam aos meus pés.
Hoje, nem eu mesma de joelhos tenho pequenos pedidos atendidos.
Eu enfraqueci.
Bem feito pra mim,
Para eu aprender,
Que a lei do retorno é mais forte que tudo,
Mais forte que eu,
Mais cruel que você.

Kelly Christine.



19 de out. de 2016

Você nunca espera.

Você nunca espera se ferir,
Você nunca espera pela dor,
Você nunca espera.
Nunca espera pelo fim,
Nunca espera um dia ruim.
Apenas uma batalha,
No meio da guerra.
Me vi mais uma vez sem pedaços,
Procurando em quaisquer par de braços,
O conforto do coração ferido.
Anda pelo vale da morte,
Aquela pessoa sem sorte,
Sem passado, sem destino.
Um dia será apenas um retrato
Na cômoda, na mesa, um fato.
A lembrança que empoeira.
Um sentimento sem eira nem beira,
Fica quieto em algum canto,
Tentando não pensar no encanto,
Que o quebrou mais uma vez.
A confiança que se desfez,
Ficou só no precipício,
Entendeu desde o início,
O frio gélido que o espera.
Onde está aquela voz sincera,
Que doces mentiras me dizia?
Ah, que venha então a noite fria,
Soprando os ventos de mais uma mudança.
Que saudades de ser criança,
Que chorava pelos ralados, não pelas cicatrizes,
As crianças tão mais felizes,
Só conhecem a física forma da dor,
Que o tempo as poupe do amor,
Que fere, dilacera e mata,
Aquela pessoa ingrata,
Que retribui com pedras as flores que depositei.
Onde estava Deus quando eu chorei,
Sem saber que caminho seguir?
Perdida, deixei me levar,
Não sabia partir, não queria ficar,
Mas, precisava ir,
Você nunca espera pela dor.
Você nunca espera.

Kelly Christine



10 de out. de 2016

Outra vez...

Dói, sabe. Ver que tantos anos da vida foram em vão,
Que a minhas ações, nunca sem razão,
Só resultaram em fracasso.
E o coração, fingindo ser de aço,
Tenta suportar o insuportável,
Quer gritar, quando é obrigado a ser amável,
No fundo dos olhos onde todo o mundo perdeu a cor.
Onde está o amor?
Que vem de repente, te surpreender,
Que te completa, te prende, envolve você,
E faz sua mente girar.
Onde está a alegria, estampada no olhar?
De quem caminha a longos passos ao entardecer,
E ainda acredita que se pode viver,
Sob a mesma luz que tudo ilumina,
Sem definhar num destino que a prende na sina,
De ser infeliz para outros promover,
Para ter que se diminuir e ver toda a gente crescer,
Por que tudo tem que ser assim?
Cadê o conto de fadas prometido pra mim?
Em quantas lágrimas ainda preciso me afogar,
Para dessa escuridão poder me libertar?
Quanto mais terei que fingir,
Que nada mais me atinge, e tudo me faz sorrir,
Até quando terei que abrir mão,
Daquilo que faz vibrar meu coração?
Para poder fazer feliz,
Aquele que nunca me diz,
Que tudo faria por mim,
Que estaria comigo até o fim.
Talvez esse seja o meu destino,
Aceitar o passado, ignorar aquilo que não termino,
E esquecer a minha imagem no seu olhar refletida,
Que me fez suportar até então as feridas.
La vem a realidade,
Sufocando as minhas saudades.
Me obrigo a aceitar,
Que não posso mais amar,
E deixo partir, insensatez,
A chance de ser feliz, outra vez.


Kelly Christine


5 de set. de 2016

O que fazer?

E o que fazer?
Quando o coração acelera,
Pedir para parar de bater?
Um olhar que tudo entrega,
Um sentimento que não posso corresponder,
Sonhos quebrados,
Se juntam tão tristes,
Não adianta querer.
Para onde foi aquela alegria?
Ações povoadas de emoção,
Lágrimas se escondem contidas,
No fundo de uma canção.
É a vida ensinando, de novo,
Que tudo se deve à razão,
De ter a alma ferida,
Fingindo não ter coração.
Sorrindo, com vontade de chorar,
Calada, com vontade de gritar,
O que fazer quando você sente o que não deve sentir?
Deixar me levar,
Ou fugir?
O que fazer?
Quando todas as pessoas que posso estar, não são você?
O que fazer?
Quando as palavras não têm mais sentido,
Quando precisar de mais do que um ombro amigo,
O que fazer?
Quando você é obrigada a aceitar,
O destino decidir por você,
Tanta coisa para falar,
Nada por merecer.
Fingir que eu não sou eu,
Ou você não é você?
O que fazer?

Kelly Christine






24 de ago. de 2016

Depois dos anos...

E depois de anos você aprende.
A se importar menos.
A perceber que a opinião das pessoas já não é mais tão relevante assim.
A apreciar (ainda mais) as coisas simples.
A valorizar (ainda mais e mais) o que é verdadeiro.
Aprende que amigos o acaso nos traz,
E a vida os mantém ou os leva.
Que tudo passa,
E todos, um dia, irão embora.
Que só restará o que você carrega no peito e nas lembranças,
E nenhum bem material pode comprar um sorriso.
Que abraços são palavras,
Que olhares traduzem emoções,
E tudo que foi lágrimas, hoje são lições.
Aprende a entender,
Que cada pedra que você tombou,
E cada pessoa que te feriu,
Moldaram seu caráter, construíram a base de seus valores.
Tome tudo como aprendizado.
Depois de anos, você aprende.
É Deus, Ele sabe te guiar.
Depois de tudo, você aprende a não perder a fé.
Depois dos anos, de tantos aniversários,
Depois de tantas solidões, e corações partidos,
A gente endurece.
A gente amadurece.
Depois dos anos, estamos aqui.
Depois dos anos, você percebe que os anos não são as únicas coisas que ficarão para depois.

Obrigada vida, por ter me dado uma segunda chance.

(Se eu soubesse antes o que eu sei agora...)

Kelly Christine

31 de jul. de 2016

Para onde vão os nossos sonhos?

Para onde vão os sonhos?
Para onde vão?
Depois de abrir os olhos,
Nossos desejos mais íntimos,
Nossa canção.
Para onde vai tudo aquilo que queríamos perto?
E ficou ao longe,
Para onde vão?
Onde estão as lágrimas?
Onde está a voz?
Que calou quando queria falar,
Que acalmou o sentimento feroz.
Cadê os sorrisos?
Cadê a atenção?
As promessas feitas no olhar,
O juramento são.
Para onde foi aquele sonho?
Aquela ilusão,
Da família do comercial,
Da imagem do cartão.
Se perdeu na noite escura e fria,
Se perdeu.
Quebrando em pedaços a certeza,
Deixando a alma vazia,
E doeu.
As palavras correndo linhas,
A tinta que marca.
Todos os amigos um dia me deixaram,
Partiram o coração.
O amor há muito virou pó,
No meio da escuridão.
E hoje, sozinha, me pergunto:
Para onde vão os nossos sonhos,
Para onde vão?


Kelly Christine

25 de mai. de 2016

Eu não escolhi esperar...

Só quem teve fome sabe o valor que tem o pão.
Só quem teve sede sabe o valor do copo d’agua.
Só quem já teve as lágrimas contidas pela vergonha de chorar, sabe o valor que tem um abraço sem perguntas.
Estive aqui o tempo todo, só você não viu.
Estive ao seu lado, em silêncio, tentando te transportar para o meu mundo.
E você, sem ao menos me perguntar, me arrastou para o seu.
Tão próximos,
Tão distantes,
Os centímetros que separam você de mim, na minha cama, são quilômetros de silêncios que gritam.
Mal interpretados,
Silêncios que imploram,
A morte silenciosa que se aproxima do peito.
Não choro mais,
Não argumento mais,
Tudo passa devagar, como se despedindo.
Eu estava lá.
Por que você me enxerga, mas não consegue me ver?
Por que você acha que por mais anos a fio eu irei esperar?
Os olhos se cerram,
A porta de fecha,
Mais uma noite, uma noite a mais,
Até quando?
Era escrever ou explodir,
Era escrever ou me calar,
O surto que surta em mim,
Apagam o brilho dos olhos, extingue a chama de toda a esperança,
De quem cansou de lutar.
O vento frio,
A garoa fina,
Apenas temperam uma alma em desespero que não oferece mais resistência.
Fantasio nos filmes,
E vejo nas telas uma realidade que jamais viverei,
Casada, exaurida,
Desistência iludida,
O amor partiu de mim,
Dizendo não só um ‘até logo’, como sempre,
Mas adeus, olhando à frente,
É o fim.


Kelly Christine