Faz
muito tempo que deixei esse lugar.
Vejo
a poeira esbranquiçando os móveis,
Muitas
de minhas lembranças espalhadas pelo vento.
Como
deixei isso acontecer?
Falar
que é só tristeza é simplificar demais,
Falar
que é só silêncio é justificar o injustificável,
Como
explico o que eu sinto então?
Ainda
perduram aquelas memórias vivas,
Que
fizeram cicatrizes abertas em mim,
Parecem
sentimentos distantes, vagos,
Mas
ainda existem.
Eu
me perdi num olhar ao longe,
Penso
que seria melhor começar mais uma vez,
Mas
como iniciar o que não tem mais ponto de partida?
O
coração não está mais partido,
O
tempo juntou pacientemente cada pedaço,
Solidificou
o que pensei que não havia mais conserto,
Mas
deixou danos colaterais.
O
que está estruturado, também permanece fechado,
Não
me permito chorar,
Não
me permito amar,
Pois
não há mais espaço para isso em mim.
Os
sentimentos abundantes se tornaram rarefeitos,
As
emoções coloridas, se tornaram uma vida em escala de cinza,
Onde
você pode até entrar,
Mas
não perceberei quando você for sair,
Porque
não importa mais.
Não
importa mais quem entra (se conseguir entrar),
Não
importa mais quem sai (se há ainda alguém para sair),
O
mundo continuará girando,
Independente
de você estar infeliz ou não.
A
poeira espalhada pelos móveis,
Lembra
que também em mim,
Há
um lugar onde tudo era bonito,
E
alguém chamava de lar,
Hoje,
pó e esquecimento,
De
portas fechadas,
Para
quem quiser entrar.
Kelly
Christine
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