E
nunca pesou tanto do jeito que pesa agora.
Eu
que tinha os campos floridos de minha esperança tão bem cuidados,
Hoje
vejo uma corrente enferrujada, numa terra que não nasce mais nada.
Esta
é a melhor palavra que descreve esse sentimento: ferrugem.
Aquela
bonita corrente, brilhante, segura, bem tratada,
Jamais
abandonaria você quando precisasse.
Mas
a realidade é bem outra,
O
que não tem cuidado, perece com a ação do tempo.
O
que não tem cuidado se desfaz.
Naquele
chuveiro apertado,
Debaixo da água fria,
Fui
eu e somente eu, abraçando os joelhos, que chorei.
Chorei
tudo o que minha força pode suportar até então.
Ninguém
viu, ninguém sentiu nada.
Só
eu.
Ninguém está interessado no que você faz,
As
pessoas só pensam em si mesmas, no benefício próprio.
Não
ligam para mais nada.
A cobiça de ser melhor, de conquistar o mundo, de ser dono de si.
Esquecem
que os amigos também precisam de cuidado.
Esquecem
que amor se divide para se multiplicar.
Esquecem que, quem está ao seu lado, também quer se sentir importante, não invisível.
O
mundo gira em torno de si mesmo.
O
mundo gira... e pouco importa quem está ficando para trás.
Para que se preocupar com quem não pode te acompanhar?
Por que deve se importar com a limitação das pessoas?
Por que erguer quem está caído?
O que não tem cuidado, perece com a ação do tempo.
O
que não tem cuidado se desfaz.
Por
mais zelosa que seja a tarefa de cuidar deste jardim, de nada
adiantará se o mundo pisa em minhas flores, desfolha meu canteiro e não planta
nada novo no lugar.
Então
foi sozinha, naquele quarto escuro de paredes cinzas e sem vida,
Numa
noite quente, diante do pc,
Que
eu decidi cimentar de vez este jardim.
Para
quê cultivar flores,
Quando
o próprio mundo as destrói?
Para
que cultivar flores,
Se
elas mesmas te machucam com espinhos?
Para
que cercar com tanto cuidado,
Algo
que o tempo cobriu de desolação e lágrimas?
As
pessoas só se preocupam com dinheiro e status.
O
mundo só está preocupado em sobreviver.
E
eu tenho que me adequar a isso.
Resisti
bravamente, os 35 anos da minha vida, relutante em deixar de lado os meus
princípios.
Mas
para que servem os meus princípios diante da realidade?
Não
existem cores na verdade.
Ela
é isso que eu vejo, sem ilusões, sem expectativas.
Não
existe amor, fé ou qualquer outro sentimento que sobreviva diante dela,
Por
maior que seja sua luta.
Sou
uma máquina, programada para trabalhar até o final de meus dias,
Para
pagar contas e sustentar uma cobiça que não é minha,
Fingir
um orgasmo que não sinto,
Sorrir
uma felicidade que não existe,
Viver
uma vida que não planejei,
E
conviver com pessoas que não quero estar.
Parabéns.
Tenho
que deixar de ser pessoa e virar indivíduo.
O
número da estatística.
A
engrenagem do motor.
Parabéns.
Tive
que fechar os olhos e ignorar o que sinto,
Esquecer
os sonhos que eu sonhei,
Fingir
que não tenho sentimentos.
Parabéns.
Tenho que aceitar tudo o que a sociedade impõe,
porque a verdade é essa e não está condicionada a mudança.
Parabéns.
A
esperança e a fé que ainda me tornavam humana,
Viraram
ferrugem.
Kelly
Christine
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente.
Se sentir-se à vontade para isso.