23 de out. de 2010

A Carta do Desespero...

Essa postagem é muito pessoal. Torno pública um dos mais tristes sentimentos por mim vividos: a dor de quem não tem saída. Escrevi ela em 2008, mas acredite: pouca coisa mudou. Queridos leitores, eis a novela da vida real...

SÓ LEIA SE VOCÊ REALMENTE TIVER UM TEMPO PARA ENTENDER. CASO CONTRARIO PASSE PARA O POST SEGUINTE



Quero Falar...

Quero falar. Porque acho que se eu não falar com alguém, o meu peito vai acabar explodindo. Quero falar como me sinto, toda tristeza que tenta sumir da minha alma, através de lágrimas que não param de correr pelos meus olhos. Quero dizer bem alto que não agüento mais tantos insucessos e fracassos que tem acontecido na minha vida, e que às vezes acho que esse Deus que eu tanto amo e confio, me abandona, pois nem na tua igreja não posso mais comungar. Minha condição de mãe solteira, dependente da caridade dos pais, ainda por mais humilhante que seja, não permite nem o consolo da comunhão com Cristo. A todo momento, aquelas palavras doídas ditas numa cozinha, vem a minha cabeça.  Aquelas palavras, que dizem que eu não presto, que eu não sirvo, que eu não mereço nada. Tudo na minha cabeça. Ninguém para eu gritar. O que faço???? Não sei. Deixa eu me abrir com você. Deixa eu te contar que eu lamento muito tudo o que está acontecendo na minha vida. Deixa-meeu dizer que tudo o que está acontecendo comigo, eu não consigo explicar, parece que eu sou uma pessoa sem sorte, que eu não atraio coisas positivas, que nada dá certo comigo. Eu nunca quis pensar assim, mas parece que nada conspira ao meu favor, eu preciso manter pelo menos a minha sanidade, pois até ela está sendo ameaçada. Vejo pessoas que sempre tiveram uma condição inferior a minha sendo mais felizes do que eu. Não, não é inveja, é apenas algo que eu não consigo entender porque não acontece comigo. Eu também quero o meu lugar ao sol. Porque na minha vida só sombras, promessas vazias, NADA. Um grande vazio. Nenhum sonho da minha vida aconteceu. Por quê? Eu não entendo onde foi que eu errei. A pergunta parece clichê, mas é a pura realidade: ONDE FOI QUE EU ERREI? Por que as coisas não acontecem na minha vida, por que o milagre não se manifesta? Será porque eu não vou à missa aos domingos? Mas aos olhos dos outros cristãos eu sou uma pessoa profana, por não ser casada. Mas como eu vou casar? Com que dinheiro? Eu hoje, não tenho R$ 0,30 pra comprar um único pão. Como vou casar? Só porque não sou casada, não quer dizer que não acredito nesse mesmo Deus, pra mim, Ele olha pra todos os homens de maneira igual. Mas onde Ele está agora, porque eu não sinto nenhum conforto? Eu não vejo esperança quando penso em amanhã. Amanhã mesmo, daqui a 24 horas. Eu não consigo mais ver nada positivo em minha volta. Estou condenada a viver da caridade alheia: caridade dos meus pais, de me permitirem ficar aqui agora, caridade do André, que ainda tem paciência comigo, talvez, cômodo com a situação, mas até quando? Onde estão meus amigos? Que amigos? Sempre passei a maior parte de minha infância, adolescência e juventude com poucas e restritas pessoas, hoje sei que não posso contar com o ombro de nenhum deles. Não compreendem nem tem interesse pelo meu intimo e pelos meus problemas e frustrações. Eu não tenho nada a oferecer, apenas a mim, mas acho que na atual condição ninguém está interessado numa pessoa falida (em todos os sentidos) como eu. Não posso ir pra uma balada (além de não ter dinheiro, ainda tem o Katt) nem um cinema (pela mesma razão), não tenho casa, não tenho família. Eu não tenho NADA. Nem dignidade. E agora, para a maior desilusão da minha vida, também estou perdendo a fé. Hoje, eu rezei, rezei pra mim, pedi um milagre para mudar toda a minha situação. Esse milagre não veio. Como nenhum dos tantos outros que eu pedi. Nunca deixei de acreditar nesse Deus, mas porque ele me fere tanto? Eu não pedi milhões, apenas uma chance. Eu não pedi uma mansão apenas um apartamento popular para eu começar a minha vida em família com dignidade. Eu quero explodir! Queria gritar, NÃO AGUENTO MAIS! Mas o máximo que posso, de tão miserável que é minha vida, é deixar essas lágrimas, aliviarem a minha dor, e os dedos expressarem meus sentimentos. Ano que vem, está chegando. 2009 está aí, batendo na porta praticamente. O que eu vou fazer? Não tenho pra onde ir. Mas também não posso ficar. Meu Deus...
Eu via as pessoas hoje me olhando com a mesma curiosidade que eu olhava pra elas. Todos ali naquela fila tinham o mesmo propósito, mas só eu saí de lá às lágrimas. Pois não vou ter chance, não vou disputar os apartamentos, porque, fui uma idiota, uma tola, de pensar que podia contar com as pessoas, para ajudar, “a pobre mãe solteira”. Acha que alguém liga pra isso? Eu via mães, senhoras, inscritas nos movimentos há muitos anos, para conseguir lar para seus filhos, o instinto materno, aquele que fala mais alto. Por que esse instinto nunca esteve presente na minha casa? Por quê? Porque quando mais precisei da minha mãe tive que contar com o primeiro estranho que trombei? Porque escuto as pessoas falarem com carinho de suas famílias e eu sentir que aquilo nunca vai acontecer comigo? Por quê? Tantas perguntas, nenhuma resposta. Você é só um documento de Word, que vai ficar esquecido em algum lugar na CPU e simplesmente um belo dia vai parar na lixeira. Queria eu que você fosse tão humano que pudesse responder cada pergunta minha com um sorriso de renovação, de esperança. Queria que tudo nessa vida se transformasse, que eu risse mais e chorasse menos, que eu fosse QUERIDA. Não existe nada melhor do que ser querida, das pessoas sentirem sua falta, de segurar a sua mão e sentirem-se confortáveis, olhar nos seus olhos e perceberem o quanto te fazem bem. Eu queria ser assim. Na minha vida pessoal eu sou nada, e na profissional, sou apenas o caibro que não faz a estrutura cair. Mas quando a laje ficar pronta, vou ser tão dispensável, quanto qualquer outro que estiver segurando a estrutura comigo. Eu tentei melhorar de vida, procurei a melhor oportunidade de emprego pra mim, acreditei em falsas promessas, to infeliz lá. Acho que não faz diferença, porque to infeliz aqui também. Hoje é 26/11/2008 são 21h17minh e eu te pergunto: tenho 30 anos, um filho de 03 anos e 06 meses.  O que mais tenho? Nada. Conto na minha gaveta, quatro calcinhas, três sutiãs. Mais nada. A última calça jeans que eu comprei, paguei em três vezes, há mais de um ano atrás. Para trabalhar razoavelmente social, tive que tirar um empréstimo, que acabei de pagar a umas semanas. Ganho mal, mal dá pra pagar as contas, com os descontos e tudo mais. Se eu tivesse que procurar um lugar hoje pra ficar, acho que teria que ficar na rua mesmo, pois até na rua, o custo de vida é caro.  Poxa, o que não entendo é: eu sempre me esforcei quando era jovem, tirava as melhores notas na escola, sempre fui um exemplo para meus pais, estudava, mesmo quando não gostava. Adolescente, sempre fui tranqüila, namorava em casa, nunca me droguei, bebia socialmente (hoje nem isso) nunca fumei. Sempre andei com gente de bem, e nunca me envolvi em confusão. Só que esses valores que eu acreditava serem corretos, não me levaram a lugar algum. Do que adiantou ser estudiosa, se quando eu quis fazer uma faculdade e conseguir uma qualificação no mercado de trabalho eu não tive incentivo de ninguém? Via a minha mãe paparicado de todas as maneiras minha irmã, ela mesma, e eu, nem migalhas? Ela te abandonou, e eu que fiquei, porque não me valoriza? Se quer tanto que eu saia da sua casa, porque simplesmente não me ajuda a sair, sabendo como eu sei que você pode fazer isso? Não, prefere ver-me comendo o pão que o diabo amassou para eu dar valor. MAS VALOR A QUÊ? A uma estrutura familiar que você não me deu? A todo o amor e carinho que você me negou? A todas as vezes que eu te queria como amiga e você me judiou, com suas palavras de escárnio e ironia? Não me lembro de nenhum momento feliz nestas paredes vividos com vocês.  Lembro-me dos meus amigos sendo expulsos por um velho bêbado sem motivo aparente. Lembro-me também que ele abandonou essa casa para viver com outra, e me lembro do dia que eu cheguei do trabalho e o vi de cueca na sua cama como se nada tivesse acontecido 03 anos depois. Você, minha mãe, dá mais valor as pessoas que te ferem, do que a mim, que sempre estive do seu lado, não do jeito que você queria, mas do que era possível. Tanta dor pra nada. E eu continuo sem uma resposta: onde está meu Deus, que não enxuga essas lágrimas que teimam em sair?

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