Eu precisei ser mãe para aprender o que era conceito de família. Vir de um núcleo desestruturado, sem alicerces nem afeto, me fez ser uma pessoa diferente em todos os sentidos, comportamental e emocional.
Às vezes me sinto uma péssima mãe.
Nunca me senti filha.
Travando lutas homéricas contra mim mesma, eu procurei seguir um caminho diferente do que os meus pais pregavam. Procurava no conforto dos amigos ou de algum namorado, o carinho e a atenção que eu não tinha em casa. Procurava me comprometer ao extremo, ser fiel, atenciosa, enfim, tudo o que eu jamais tinha aprendido dentro de casa, as pessoas me ensinavam fora dela. Me ensinavam o que era o carinho, o amor e também o que era a dor, a rejeição e a repulsa. Os dois lados da moeda eram mostrados, dois caminhos a serem seguidos. Restava-me saber qual lado eu gostaria de estar.
Escolhi o lado do afeto, por motivos óbvios. Só não sabia que seria o lado mais difícil de ser seguido.
Cheguei a um ponto da minha jornada que simplesmente não sei para onde e nem PORQUE tenho que seguir. Foram tantas decepções amorosas, tanta dor a troco de nada. A falta da liberdade, o excesso da frieza. Os amigos antes tão raros, agora completamente escassos. O que me liga ao mundo hoje é um teclado QWERTY e um monitor de 17 polegadas.
Isso não é vida.
Não ver sentido nas coisas, sentimentos nas pessoas nem razões para seguir é uma constante para mim nesses dias. Ver o meu filho e saber que o futuro dele depende do meu é um tanto desesperador. Saber que o dia de hoje foi idêntico ao de ontem e dificilmente será diferente do de amanhã também é.
Por que as coisas precisam ser tão difíceis?
Por que eu preciso aprender sobre a dor se já a conheço tão bem?
Por que é preciso sofrimento e lágrimas para realizar sonhos?
Por que ainda insisto em sonhar?
Milhares de perguntas bombardeiam minha cabeça, esperando inutilmente pela resposta. Acredito que morrerei e não conseguirei responder nem metade delas.
A realidade me agride e a virtualidade não me consola.
Ainda existe saída?
Enquanto houver uma lágrima, haverá sempre uma esperança.
Que venha o pranto então.
Kelly Christine
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