27 de nov. de 2013

Cuidado...

Eu não sou forte o tempo inteiro,
Preciso de cuidados também.
Às vezes uma palavra amiga, um carinho, ou aquele abraço sem perguntas,
Pequenos gestos, mas tão essenciais a nós.
Pequenos gestos, não custam nada, não tomam tempo,
Mesmo assim são esquecidos por todos, e se perdem na rotina do dia a dia.
Sempre fui da opinião que o amor é nobre demais para ser mendigado,
E que as demonstrações de carinho e atenção deveriam sempre ser gratuitas.
Se não for assim não é verdadeiro,
Se não for assim, não vale a pena ter.
As pessoas têm suas deficiências,
Mas também possuem qualidades que contrabalanceiam.
O equilíbrio que mantem o mundo em ordem.
Deveria ser assim.
Mas não é. Nunca é.
Eu doo o coração livremente,
E sei que ele será maltratado, magoado, partido.
Mas a minha doação é voluntária,
E os meus sentimentos são verdadeiros.
Isso me tranquiliza ao mesmo tempo em que me questiona.
Como doar, algo que sabes que nunca irá receber?
Simples,
O que quero para mim, também preciso fazer aos outros,
Um gesto voluntário, que faria toda a diferença se fosse maioria.
Pensar sempre em nós mesmos é sempre bom,
Mas não podemos esquecer que convivemos sempre com pessoas,
Pessoas diferentes, gênios diferentes, necessidades comuns.
Então fica apenas o pensamento que ainda mantenho em mim:

Ninguém é tão alguém que não precise de ninguém.


Kelly Christine.

19 de nov. de 2013

E o que é solidão?

E tu saberias definir o que é, realmente, a solidão?
Eu tenho minha própria teoria.
Solidão não consiste em estar, tão somente, sozinho.
É se sentir só em meio a tantas pessoas,
Ter tanta coisa a conversar, e não ter com quem fazer isso.
Reprimir seus sentimentos mais verdadeiros, e ser o companheiro que não possui.
Estar em meio à tempestade, e não ter mais a fé que grita.
Viver somente em função de quem não te retribui nem ao menos um sorriso.
É saber que ninguém fará por você, o que você faz pelas pessoas,
Contar somente com as próprias pernas, para continuar caminhando.
Levantar-se, cair e levantar mais uma vez, sem ajuda de ninguém.
Solidão é não depender das pessoas, quando mais se precisa.
É precisar e não precisar.
É encarar uma janela e sentir que a sua presença já fez diferença algum dia,
Uma presença que não tem mais a ausência sentida.
Amigos que se afastam,
Vazio que se aproxima.
Vazio, aquele que nada preenche.
Se sei o que é solidão?
Talvez, todo mundo carrega um pouco dela dentro de si.
Porém nem todos lidam bem com ela.
E quem quer lidar com a solidão?
A grande verdade é:
Somos todos seres solitários em busca da companhia do outro,
Mas nem todos queremos abrir mão do que é nosso,
Inclusive da própria solidão.
Eu sei o que é solidão,
É tentar dar voz ao que está em silêncio,
E gritar em desespero, mesmo sabendo que não há ninguém para ouvir,
E se conformar que o fim pode ser o começo,
O começo de um vazio.

Kelly Christine


13 de nov. de 2013

Julgamento.

Então de repente, você ouve o seu nome.
E percebe, mais uma vez, as pessoas te julgando sem ao menos te conhecer.
Sem ao menos terem conversado com você uma única vez.
Sua alegria incomoda,
Seu sorriso enerva,
Sua seriedade não transparece seu caráter,
E seu silêncio, ao invés de determinar sua reserva, ostenta a sua soberba.
Seria mesmo isso?
É o que eles acham.
É o que a maioria acha.
Me acham uma pessoa péssima, mas nunca sequer falaram comigo.
Me pintam de várias cores, com várias personalidades,
Porque é mais fácil, tão mais fácil fazer um julgamento de quem não se conhece...
Ah, mas não basta só julgar para si mesmo,
É necessário divulgar a mesma informação, mesmo que imprecisa, para outros.
Vamos contagiar as pessoas e as obrigarem formar opiniões...
Afinal, o que eles acham, o que eles supõem que sabem, é lei.
E todos devem se curvar diante deles e respeitar o que eles dizem.
E não interessa ter outra opinião sobre aquela pessoa.
O que importa é o que a maioria acha.
Pessoas que seguem o fluxo da multidão, são tratadas como gado, e não percebem.
Se a maioria pensa assim, então a maioria está certa.
Mesmo que todos estejam errados.
Ainda penso diferente.
Por que devo fazer um pré-julgamento de quem eu mal conheço?
Por que perder minutos preciosos da minha vida, onde poderia estar fazendo coisas tão mais construtivas, para destruir o caráter de alguém com quem nunca falei?
Ora, eu não penso como gado. Não sou a maioria.
E ser diferente tem sido um preço alto a pagar.
Preço alto para ser eu mesma.
Sei o que sou, sei também que não preciso provar nada a ninguém,
Mas é tão cruel ver as pessoas fazendo isso comigo.
E não basta serem cruéis comigo, também querem que a maioria das pessoas sejam.
Já vi isso em tantos lugares, com tantas pessoas,
Que tinham me convencido de que, todos não poderiam estar errados,
Talvez o problema fosse realmente eu.
E o mundo estava me fazendo pensar como a maioria...
Não, eu não podia permitir.
Ainda permaneço isolada.
Fico cada vez mais em silêncio,
E nesse silêncio eu percebo, as escolhas que fiz.
Posso estar sozinha agora,
Mas sei que no mundo ainda existem pessoas diferentes,
Que entendem exatamente, como eu, o que é pagar o preço do julgamento de todos,
Para pertencer a si mesmo.


Kelly Christine

11 de nov. de 2013

Questionando...

E onde Ele estava esse tempo todo?
Uma criança de três anos, brutalmente assassinada pelos próprios pais,
Um país inteiro, um dos mais pobres do mundo, assolado permanentemente pela guerra civil, destruído pela catástrofe natural de um tufão.
O pai trabalhador honesto, que depois de uma longa jornada de trabalho durante toda noite, volta para o seu lar pobre e encontra uma bala na cabeça, tirando o único sustento daquela família.
E onde Ele estava?
A mulher que diariamente e fervorosamente reza para que o marido se recupere,
Do câncer que o consome e o definha dia após dia, noite após noite, sem trégua, sem alívio.
A criança, cheia de esperança, corre descalça pelas vielas entre palafitas, pensando pequena que os seus sonhos de Natal se realizarão esse ano.
Mas nada mudará, e seus pais e mais 06 irmãos mais velhos sabem disso.
E onde Ele estava?
Mas é imposto, sempre imposto.
Seja honesto, trabalhe, ganhe o pão com suor do seu rosto.
Não minta, não roube, não peque.
Senão a punição é o fogo do inferno, é a morte dolorosa.
Desculpa, mas já não conhecemos dor o suficiente?
Continuaremos pagando por pecados que não cometemos?
Continuaremos vendo as pessoas que, realmente mereciam punição divina, permanecendo impunes?
Continuaremos vendo todos aqueles que fazem tudo errado e sempre se dão bem, de uma maneira ou de outra?
Que explicação dar a um filho que questiona onde está a justiça?
Como calar uma criança que chora de fome e não há pão em nenhum lugar?
Vemos um mundo se destruindo, o mesmo mundo que todos usam a fé como desculpa para enriquecer e punir.
E diante de tantas tragédias, anunciadas ou não,
Fica aquela pergunta, de quem teve a criação cristã, ameaçada com o inferno durante toda a vida:
Tanta coisa está acontecendo,
Tanta coisa aconteceu,
E onde Ele estava esse tempo todo?


Kelly Christine

4 de nov. de 2013

Mulheres...

E as mulheres?
As mulheres gostam de carinho, atenção, afeto.
Estão sempre certas, mesmo quando estão erradas.
Suportam dores, choram à toa, aguentam certas coisas caladas.
Depois estampam um sorriso no rosto, como se nada tivesse acontecido.
Reclamam do trânsito, do preço do leite, do chefe impertinente.
Precisam de pelo menos alguns minutos de alívio diário, para que possam desabafar o seu dia.
Precisam de orelhas que ouçam, abraços que confortem, bocas que beijem.
As mulheres multiuso.
São mães, trabalhadoras, domésticas, guerreiras.
E ainda sobra espaço para serem meninas.
Tão doces meninas... tão rebeldes meninas...
Elas confiam, perdoam, fraquejam, erram, acertam, enfrentam.
O tempo todo, todo o tempo, elas lutam por suas metas a que se dignam chamar de sonhos.
Os sonhos de menina,
Os sonhos de mulher.
Mulheres.
Alguns homens as enganam,
Outros agridem,
Outros ainda pensam que elas não passam de puro objeto.
Mas existem aqueles que tratam suas mulheres como rainhas.
Suas meninas como princesas.
Estes, ah, estes sim, são os verdadeiros homens,
Os que vêem com os olhos da alma, o que são na verdade, as mulheres.
São raros, são especiais, mas esses homens existem.
Ah, as mulheres.
As mulheres gostam de carinho, atenção, afeto.
Estão sempre certas, mesmo quando estão erradas.
Suportam dores, choram à toa, aguentam certas coisas caladas.
Depois estampam um sorriso no rosto, como se nada tivesse acontecido.
Fiquei me questionando por um tempo,
Depois de tanta filosofia barata,
Cheguei então à conclusão que,
Para esse mundo eu não sou mulher,
Para esse mundo eu não sou menina,
Para esse mundo, eu sou ninguém.


Kelly Christine