De quando em quando essa
melancolia aparece,
Me lembrando que não sou
especial,
Que a minha diferença é
justamente ser comum demais,
Uma pessoa comum, juntamente com
outras,
Mais uma Maria, mais um José.
Eu leio muito, vejo filmes,
séries.
Sonho todos os dias com uma
história que pudesse me orgulhar,
De contar o meu filho, aos meus
netos.
Nada que vivi me inspira orgulho.
Sinto saudades de coisas que não
vivi,
De pessoas que não conheci,
De lugares que não visitei.
O que me leva a ficar assim?
Sonhando com coisas que não vão
acontecer,
Almejando o impossível,
Viajando nas minhas imaginações.
Andar de mãos dadas,
Contemplar um por do sol,
Dividir um livro.
Contar um pouco da minha vida,
Saber da sua.
Adotar sua família,
Já que o que restou da minha são
farrapos daquilo que jamais foi família um dia.
Ter um cachorro,
Plantar uma árvore,
Escrever um livro,
Sorrir sem motivo.
Me sentir protegida quando o
mundo quiser me engolir.
Não, a realidade é outra.
No trabalho, na rua, na academia, em casa.
A realidade é um rosto comum no
meio da multidão.
Só mais um, na imensidão.
De feridas de um mundo infectado,
Com sangue de inocentes e povoado
de ingratos.
Quando tudo o que se mais deseja,
Quando o coração pulsa forte,
onde quer que esteja,
E a música refugia um pensamento,
Aquele que te permite ser mais.
Mais do que ser o que é hoje.
Mais uma Maria, mais um José...
Kelly Christine.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente.
Se sentir-se à vontade para isso.