Algo não estava certo.
Eu não me sentia dali.
Estava desconectada, implantada em
um lugar que não me pertencia.
Suportaria qualquer coisa por um
sorriso seu,
Mas e se o preço fosse simplesmente
deixar de ser eu?
O problema é quantos anos eu tenho,
A cor da minha pele,
A minha morada,
As posses que não possuo.
Não sou “classe média”.
Sou suburbana, periferia, com muito
orgulho.
Choro sozinha, com vergonha de mim,
Nunca precisei fingir ser o que não
sou,
Moro na favela,
Me orgulho da minha cor,
Meu caráter foi criado nas paredes
de um quarto apertado,
Do conjunto habitacional,
Que você tem medo de estar.
Vejo as fotos,
E me sinto destonada,
Eu não combino com nada,
Por que estou aqui afinal?
Um silêncio cheio de lágrimas me
invade,
Os únicos apelidos com carinho vêm
relacionados ao negro,
Eu não ligo... ligo?
E o que eu sou se resume a isso?
O que eu sou pra você afinal?
Qual a importância da mãe solteira,
Parda,
Pobre,
Sem ensino superior,
Moradora da favela?
É isso que você vê?
É isso que os outros vêm?
Kelly Christine
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