Quero
pedir a chance, me deixa contar um pouco mais de mim.
Por
tantas vezes eu usei essas páginas para desabafar.
Deixei
as lágrimas na ponta dos dedos, fiz meu coração falar por mim. Transpareci
sentimentos.
Os
anos passaram. E apesar das pessoas também terem mudado, suas atitudes comigo
ainda permanecem as mesmas.
Mais
uma certeza de que o problema não está nelas, mas em mim.
Vim
aqui fazer uma prece. De alguém que sente a fé completamente perdida.
Olha
aqui eu de novo, meu Deus. As lágrimas continuam correndo em mim.
A
dor não diminuiu, a cicatriz não vingou, e o sangue continua a escorrer.
Me
diz, o que eu devo fazer?
Eu
sei que eu sou uma boba, que acredita em qualquer amor sem importância, que
acha que todas as pessoas são boas, que a maldade no mundo tem cura. Me diz,
como eu mudo isso?
Como
eu consigo parar de chorar e volto a sorrir novamente?
O
sono se foi, tudo se foi. Eu lutei tanto a troco de nada, e ninguém jamais fará
o que eu fiz.
Por
que me sinto tão idiota?
Tudo
o que eu mais temia, tem acontecido. É a solidão, a falta de amor, a incompreensão,
a fé diminuída. Até quando deixará comigo essa cruz tão difícil de levar? E por
que não posso ter ninguém ao meu lado pra me ajudar?
Sabe,
eu fiz tudo o que queria, fui disciplinada, segui meu caminho direito. Qual é o
problema de eu ser feliz agora? O que mais eu preciso aprender? O que mais eu
preciso esperar?
Vejo
o tempo passando pra mim. Eu já sou uma velha, e não realizei nenhum dos meus
sonhos de menina. Até quando vai me frustrar dessa forma? E por quê?
É
difícil você acordar todas as manhãs sem saber se vale a pena levantar. Difícil
você ter que enfrentar um dia inteiro de novos desafios e batalhas, e no meio
delas, depois delas, não ter ninguém pra te apoiar, ou conversar com você sobre
suas derrotas e fracassos. O que fiz para ser tão castigada?
Era
isso? A solidão que eu tanto desprezei e temi, era dessa forma que queria me
ensinar? Me mostrando o quanto as pessoas são capazes de serem egoístas e não
terem mais nenhuma prioridade na vida além delas mesmas?
Eu
sabia disso. Mas nem por esse ou qualquer outro motivo eu desisti das pessoas.
Nem por qualquer coisa eu desisti de ser feliz.
Mas
não adianta. Eu continuo remando em um barco que tu enches de água a cada onda
que passa. Por mais que eu insista, tudo conspira para eu desistir.
Não
sou feita de aço. Nem eu, meu corpo, mente e principalmente o coração são
feitos de algo inquebrável. Estou no
meio da tempestade sozinha. Não me abandone agora, quando eu mais preciso de
ajuda.
E
nessa hora sinto minha fé se esvaindo. Conversando, orando, rezando para alguém
que não sei se irá me ouvir.
Os
ossos doem, os cabelos brancos começam a aparecer, os dedos das mãos se tornam
nodosos. O olhar fica fundo, com olheiras, que veêm mais o passado do que o
presente. Aí você sente que o fim está perto. E começa a desistir.
Bate
um desespero, a sensação que ainda há algo a fazer. E entre um pensamento e
outro, uma meditação solitária e outra, você percebe que a única coisa a fazer
é esperar. Nada mais.
Eu
lutei até aqui meu Deus. Fui até onde senti minhas forças se escoando como
areia. Pedi aos céus e a terra por ajuda, por companhia nesse momento. E minhas
preces antes, como as de agora, foram respondidas com o mais absoluto silêncio.
Silenciarei
agora também. Esperando. O que podia chorar, gritar, desesperar, implorar, eu
fiz. Eu fui além de mim. Agora não tenho mais para onde ir.
Diga-me
onde espero minha fé retornar. Diga-me onde vou terminar a vida.
Porque
os sonhos que vi destruídos, pela solidão que me disciplinou, tirou a única
coisa que me mantinha de pé: a fé.
Não
pude mudar a vida. Então ela que me modifique. Ou termine.
Kelly
Christine
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