15 de out. de 2013

Continue Subindo...

Era madrugada.
E eu lutava com um sono que não chegava.
As lágrimas não paravam de correr.
Tantas palavras não ditas, tanto sentimento ainda preso no peito, a garganta em nó, a respiração fraca.
Tudo tinha ido em vão.
O coração ardia.
Ele sempre foi impetuoso, nunca aceitou uma derrota, nunca desistiu antes de lutar.
Agora lutava para se manter vivo.
Eu pensava, pensava, pensava.
Eu passei a noite inteira pensando, procurando respostas para perguntas que nem ao menos entendia.
Eu precisava de ajuda, e, no entanto, não tinha voz para pedir.
Eu simplesmente não conseguia.
Implorava com os olhos.
Os mesmos que tudo revelavam, para quem os soubessem ler.
Sempre foi mais fácil enfiar a minha dor no bolso e ajudar.
Manter-me em silêncio, ignorando que também tinha problemas.
Eu sempre enxerguei o outro antes de mim.
E nunca considerei o quanto poderia ser um erro.
Até agora.
Até me ver assim. Tão destruída, tão bagunçada por dentro.
Um imenso tornado de coisas que estavam delicadamente cada qual em seu lugar.
E agora, tudo caos.
Eu tinha confiado de novo.
E estava sendo abandonada... de novo.
Era difícil para eu mesma não me julgar.
Sério mesmo que eu me deixei levar, pensando que tudo seria diferente?
Não, lógico que não.
Os obstáculos chegam. E quando você não consegue mais contornar eles, se livra do que atrasa o seu caminho.
Melhor alternativa, para quem segue.
Tristeza para quem ficou para trás.
A vida mais uma vez me deu o biscoito e mais uma vez me tomou o biscoito.
Até eu aprender. A diferença entre sorte e merecimento.
Eu fiquei para trás.
Não faz mal.
Cheguei no fundo do poço. Agora só tenho duas opções:
Permanecer no escuro, ou começar a subir.
Escolhi a segunda.
Nessa minha pequena grande jornada,
Solidão, dor.
Um passo pequeno de cada vez.
Um dia após o outro.
Os problemas não sumiram.
E agora não tenho mais ninguém para poder me ajudar na subida.
Então, só me resta confiar em Deus.
E continuar subindo devagar.
A vida pode ter me mostrado a escuridão, o sofrimento, a solidão.
Mas jamais destruirá minha fé.
É o que me mantém viva. É o que me faz continuar a subir.
Um passo pequeno de cada vez.
Um dia após o outro.
Vejo agora que, no fundo, nunca precisou de mim para viver.
E também me tornei algo sem importância.
As lembranças se apagaram, e nenhuma de minhas palavras ou lágrimas te demoveram.
Não faz mal.
Nada pode alterar o sentimento bonito. O mesmo que permanece intacto no meu coração.
Nem dizer que eu não tentei.
A vida é mesmo assim.
Não espero o aplauso ou o reconhecimento.
Apenas espero que Deus ilumine o caminho,
Abençoe quem continuou seguindo, sem sequer olhar para trás.
E que mantenha suas forças em mim,
Para cada passo pequeno,
Um dia após o outro.
E que eu não desista.
De continuar subindo.


Kelly Christine

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