Sim, eu mudei.
As milhares de ondas que bateram
No que eu chamei de amor
resistente,
Se partiu finalmente,
Revelando que nem tudo é para
sempre.
Eu mudei.
Desisti de justificar as atitudes
inexplicáveis das pessoas,
Cansei de sonhar um sonho
impossível,
De travar batalhas intermináveis
em vão.
Eu mudei.
Ante o maior medo de estar só,
E mendigar a companhia alheia,
Prefiro eu ter ao lado a solidão,
Do que vender tão barato o
coração.
Eu mudei.
Deixei de me doar a quem jamais
deu um passo por mim,
Não confio mais,
Não choro mais,
Não insisto mais, no que não vale
mais à pena.
Eu mudei.
Fechei aquela porta que, por
tanto tempo, esteve aberta.
Fiz escolhas que jamais faria
antes,
Tomei decisões sabendo o que
aconteceria depois.
Eu mudei.
Até mesmo a mais doce das
criaturas,
Sucumbiria a tão terrível
realidade.
Ver um mundo informatizado de
mentiras,
E mentiras informatizando
emoções.
Eu mudei.
Hoje, confiar nas pessoas não é
uma opção.
Entregar o coração.
Nada disso faz parte da minha
realidade.
Realidade essa que tem só um
parâmetro:
Doa-se lealdade,
Recebe-se traição.
Entrega-se amor,
Recebe-se dor,
Doa-se por inteiro,
Não recebe nenhum quinhão.
Eu mudei.
Obriguei meus sentimentos a se
calarem,
Convenci o coração,
Que certos tipos de ações,
Não tem perdão.
Kelly Christine
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