Um dia, prometi a mim mesma,
Que nunca mais deixaria alguém contemplar
a beleza,
Do que escondia atrás dos meus
muros.
Um dia, em meio ao desespero,
Fechei a minha alma com zelo,
Mantendo os olhos abertos no
escuro.
Um dia, vi tudo o que conquistei,
E nunca foi conquistado,
Tudo o que eu amei,
E jamais me foi amado,
Tudo que era meu,
Mas nunca me pertenceu.
Um dia, disse que tinha desistido
da vida,
Percorreria meus dias solitários
a procura da saída,
De um labirinto que não tinha
mais fim.
Olhava para um horizonte sem
perspectiva,
As mãos sentiam as profundas
feridas,
Do nada que havia se instaurado em
mim.
Um dia, tentei juntar em vão,
Os pedaços marcados, de um mesmo
coração,
Restos de muitos que passaram e
nenhum que permaneceu.
Um dia, somente um dia,
Eu me olhava no espelho e não
entendia,
O que errado tinha comigo,
Para merecer tão árduo castigo.
Um dia, como num sonho eu
respirei,
Das lembranças que em meu peito
guardei,
Deixavam então de me machucar.
E no meio da noite, eu acordei,
Aos prantos, um soluço calei,
Era mais um sonho, prestes a
acabar.
Um dia, somente por um dia,
Eu queria poder abraçar,
Numa noite estrelada e fria,
Dois pares de braços a se
aconchegar.
Um dia, abençoado e breve,
Estou eu aqui mais uma vez a
rezar,
Em ver a brancura da neve,
No reflexo de um olhar.
Um dia, prometi a mim mesma,
Que nunca mais iria chorar,
Pela tão inocente pureza,
Que um sonho pode te dar,
Sabendo que nada era verdadeiro,
E que aquilo por muito não iria
continuar,
Eu contemplava o sorriso
derradeiro,
Que estava por acabar,
Um dia, somente por um dia,
Eu queria poder entregar,
Todos esses sentimentos que
carrego em mim,
Para alguém partilhar.
E pensar que seria apenas um,
Dia desses assim,
Sonho acabou, eu levantei mais
uma vez no cinza comum.
Fim.
Kelly Christine
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