Passei
tanto tempo da minha vida me sustentando sozinha,
Que
nem sei mais como é desabafar com alguém.
Me
levantando só, quando o mundo me derruba,
Me
apoiando somente na minha fé,
Arrumando
forças de dentro, somente de dentro.
Tantas
coisas aconteceram em tão pouco tempo, que parece que vivi uma outra vida.
Ou
talvez aquela realidade só existisse na minha cabeça.
Mesmo
depois que o tempo passou, as lembranças dele são fortes.
Tão
fortes que não se desprendem de mim, nem quando eu quero pensar em outra coisa.
Mas
sei que, fatalmente, isso jamais será mútuo.
E
que seus pensamentos, neste momento, pertencem a outras prioridades.
Nada
melhor do que pertencer a si mesmo.
Hoje,
hoje mesmo, seria um dia especial.
O
dia dos sorrisos, de se fazer presente, de transformar sonhos em realidade.
Mas
eu fui formalmente “desconvidada” para partilhar essa alegria.
Eu,
na verdade, não sou mais bem vinda a partilhar nada.
Quando
me lembro daquelas palavras que ouvi,
Das
mensagens que eu li,
Acho
difícil acreditar que vinham da mesma pessoa.
Mas
era.
Sinto
as lágrimas correndo pelo rosto marcado em tristeza.
Essa
dor que sinto é bastante verdadeira. E silenciosa.
As
fotos, os sorrisos,
Memórias.
Que
vida foi aquela que eu vivi?
E
tão de repente,
A
verdade virou mentira,
Os
sonhos viraram frustrações,
E
os problemas viraram limitações.
O
que era forte, enfraqueceu,
E
quem estava lá, para juntar os cacos quando tudo acabou, fui somente eu.
Parece
que foi ontem,
Parece
que foi há dez anos atrás.
Os
deuses jogam dados e somos meros peões em seu tabuleiro.
Lembrei
de um livro que estou lendo,
Que
fala que nosso destino é controlado por três fiandeiras,
Que
tecem os fios dourados de nossa vida, fios dourados de nossa história embaixo
da árvore da vida.
O
destino é mesmo inexorável.
Eu
que tinha encontrado meu caminho,
Estava
escrevendo minha própria história,
Terminei
aqui com páginas em branco e solidão.
A
confiança quebrada,
Os
sonhos despedaçados,
Os
sentimentos banalizados, sendo apenas complemento da virtude racional.
Quantos
erros meus.
Eu,
tola, procurava um ponto de equilíbrio,
Onde
havia duas metades de algo que pensei, se completavam,
Mas
aprendi que, essas duas metades, só se destroem.
Só
eu não via... Só eu não via.
Hoje
só existem as folhas manchadas pelos pontos úmidos.
Vejo
o céu escuro da minha janela,
Vem
tempestade,
São
os deuses que festejam mais uma jogada,
E
as fiandeiras continuam tecendo.
Há
um vazio em mim impossível de ser completado,
Mas
preciso seguir,
E
os deuses jogam dados.
Nem
tudo que me espera será sempre assim,
Nem
tudo será dor e sofrimento para sempre,
Então
preciso continuar seguindo.
Eu
me permito chorar, porque ainda existe muita coisa em mim,
Deixo
as lágrimas silenciosas correrem como um rio que precisa seguir,
Lágrimas
que nada imploram, nada pedem,
Apenas
aliviam.
Onde
será que os fios dourados das fiandeiras me levarão agora?
As
lições foram aprendidas,
Mas
a estrada ainda não foi vencida.
Me
levanto só, mais uma vez.
A
força de dentro, somente de dentro, que me acompanha.
A
fé guerreira que jamais me deixou no chão,
Me
consola que amanhã tudo poderá ser diferente,
Os
deuses continuam jogando dados,
E
eu continuo seguindo.
Kelly
Christine