A
gente chora...
Antes,
quando crianças, a gente chorava alto até nossa mãe aparecer, lembra?
Era
pelo joelho ralado,
Pelo
brinquedo roubado,
Pela
atenção.
Hoje,
a gente chora,
Baixinho,
para ninguém ouvir,
Para
não precisar dar nenhuma explicação,
Pelo
partido coração,
Ou
alimentar uma curiosidade, longe de ser sincera.
A
gente chora no chuveiro, para ninguém perceber.
Os
olhos vermelhos denunciam um crime, para os mais atentos, impossível de
ocultar.
Mas,
quem estaria atento?
A
casa em silêncio, a sala vazia.
O
quarto de paredes cinzas, está tão quieto quando o timbre da voz,
Que
tem na alma tantos gritos sufocados,
Presos
a garganta e que não há com quem dividir.
Preciso
me acostumar com isso...
A
gente chora.
Não
tem ninguém olhando,
Quem
se importa com isso?
Seja
na beirada da cama,
Ou
sentada no ônibus,
Em
um lugar onde as pessoas se sentam e não se importam.
Seja
aqui, ali ou acolá,
A
gente chora.
Porque
não há nenhum outro alívio que você possa dar a sua alma.
Não
há amores, não há amigos.
E
o Deus, tão altíssimo, observa como bom professor - em silêncio.
São
as ideias, as agonias, os dramas, os traumas, seu mundo.
Resumido
a dois filetes de água que não param de correr de seus olhos.
A
gente chora.
E
por que não haveria de chorar?
Quem
te apoiou?
Quem
está contigo agora?
Suas
escolhas erradas,
Seus
passos incertos,
Te
trouxeram até aqui.
Menina
sem sorte,
Desejou
tanto a morte,
Que
a própria morte a fez desistir.
Agora
são lágrimas.
Correndo
em pares,
Em
todos os lugares,
Que
te viram partir.
Enquanto
a gente chora,
O
outro comemora,
A
alegria de sorrir.
Aprenda
de uma vez,
Que
tudo o que você fez,
Foi
dar o seu tempo,
A
quem não retribuiu nada,
Em
nenhum momento.
Decisões
equivocadas,
Uma
vida fracassada,
De
quem insiste em tentar.
Um
silêncio profundo ao relento,
De
quem nunca conheceu a felicidade,
Além
de curtos momentos,
E
agora se põe a chorar.
De
novo, no mesmo lugar,
O
coração concorda com a mente,
Cala
essa voz da alma,
Esconda
tudo o que sente,
Está
na hora de partir.
Kelly
Christine
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