3 de mai. de 2018

A gente chora...


A gente chora...
Antes, quando crianças, a gente chorava alto até nossa mãe aparecer, lembra?
Era pelo joelho ralado,
Pelo brinquedo roubado,
Pela atenção.
Hoje, a gente chora,
Baixinho, para ninguém ouvir,
Para não precisar dar nenhuma explicação,
Pelo partido coração,
Ou alimentar uma curiosidade, longe de ser sincera.
A gente chora no chuveiro, para ninguém perceber.
Os olhos vermelhos denunciam um crime, para os mais atentos, impossível de ocultar.
Mas, quem estaria atento?
A casa em silêncio, a sala vazia.
O quarto de paredes cinzas, está tão quieto quando o timbre da voz,
Que tem na alma tantos gritos sufocados,
Presos a garganta e que não há com quem dividir.
Preciso me acostumar com isso...
A gente chora.
Não tem ninguém olhando,
Quem se importa com isso?
Seja na beirada da cama,
Ou sentada no ônibus,
Em um lugar onde as pessoas se sentam e não se importam.
Seja aqui, ali ou acolá,
A gente chora.
Porque não há nenhum outro alívio que você possa dar a sua alma.
Não há amores, não há amigos.
E o Deus, tão altíssimo, observa como bom professor - em silêncio.
São as ideias, as agonias, os dramas, os traumas, seu mundo.
Resumido a dois filetes de água que não param de correr de seus olhos.
A gente chora.
E por que não haveria de chorar?
Quem te apoiou?
Quem está contigo agora?
Suas escolhas erradas,
Seus passos incertos,
Te trouxeram até aqui.
Menina sem sorte,
Desejou tanto a morte,
Que a própria morte a fez desistir.
Agora são lágrimas.
Correndo em pares,
Em todos os lugares,
Que te viram partir.
Enquanto a gente chora,
O outro comemora,
A alegria de sorrir.
Aprenda de uma vez,
Que tudo o que você fez,
Foi dar o seu tempo,
A quem não retribuiu nada,
Em nenhum momento.
Decisões equivocadas,
Uma vida fracassada,
De quem insiste em tentar.
Um silêncio profundo ao relento,
De quem nunca conheceu a felicidade,
Além de curtos momentos,
E agora se põe a chorar.
De novo, no mesmo lugar,
O coração concorda com a mente,
Cala essa voz da alma,
Esconda tudo o que sente,
Está na hora de partir.

Kelly Christine
  

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