9 de set. de 2011

Temporal...

Foi apenas um sonho bom. Não. Não foi apenas um sonho. Foi o melhor da minha vida, e agora divido ele com vocês...
Aquele lugar parecia ter uma mágica natural. Os campos vastos tingidos de verde, o vento que brincava com o meu cabelo, o céu tão estrelado quanto pequenos pontos de luz, tão perto que sentia que podia tocá-los. Aquilo parecia algo que eu desejava tanto ter acontecido comigo antes, e agora estava ali, diante dos meus olhos.
Estávamos juntos na varanda da grande casa de paredes amarelinhas como a cor do sol. Os cachorros brincavam naquela noite tão linda pelo gramado que se estendia pela frente da casa como um enorme tapete. Abraçado atrás de mim, ele respirava como mergulhado no mesmo sentimento que eu: a sensação de estar vivendo tudo o que sempre desejou. Eu sentia o seu peito arfando, absorvendo o cheiro da noite. Mágico. Apenas.
Cutucou a minha cintura o que me fez reagir involuntariamente com um tapinha na mão e me fazendo soltar uma gargalhada. Olhou para mim, com aquele olhar de moleque que está aprontando algo e disparou a correr, me desafiando a alcançá-lo. Não iria deixar barato mesmo. Pus-me a correr atrás e lhe devolver o cutucão que ganhei... Não é que ele corria rápido mesmo? Não adiantou... Eu alcancei e lhe devolvi. Claro, não podia ser boba, sabia que iria ter volta... Então corri o mais rápido que os meus pés podiam me levar.
Olhava para trás e via ele perdendo o fôlego mas quase me alcançando. Quando o conseguiu me derrubou na grama confortável, e ficou com o corpo suspenso em cima de mim. Me encarando. Confesso que foi o olhar mas brilhante que qualquer estrela que já fitei na minha vida. O mais fantástico foi me ver refletida nele. Um sorriso lindo se abriu diante de mim e eu retribui, com um toque suave no rosto dele. Ficamos assim alguns minutos, nem percebemos que o céu lá em cima, testemunha de nossos passos, se fechava num cinza escuro e deixava os deuses mal humorados. Ainda estava deitada na grama quando sentir escorrer pela minha face, os primeiros pingos da chuva gelada que estava por vir. E ela chegou, quase torrencialmente, de repente, do nada. Partimos em fuga para a casa amarela de portões dourados. E rimos, muito...
Depois de nos abrigarmos e prontamente nos enxugarmos ambos achando graça de toda situação, a chuva aumentava consideravelmente de volume. O grande temporal invadia tudo agora, fazendo a copa das árvores baixarem, os animais ficarem quietos, e os pingos grossos baterem com força, na grande vidraça que ficava a frente da sala espaçosa.
Parei diante dela. Olhava tudo admirada lá fora. Passava os dedos no caminho que os pingos deixavam assim que batiam no vidro e escorriam para o chão.  O grande edredon que agora me aquecia, ganhou um companheiro: ele acompanhou com o olhar o meu caminho, atravessando pela grande sala e se posicionando atrás de mim, me abraçando, seguindo a mesma linha de visão que eu: a chuva que batia na janela.
Parei um minuto apenas, voltei minha cabeça para cima e encontrei o seu olhar. Aquele sorriso cativante, aquele olhar brilhante, apaixonado, que eu tinha visto a minutos atrás no gramado, era o mesmo que eu tinha dentro de casa. Eu o abracei com força, apertado, com medo de deixar ele fugir, com medo de desaparecer. Ele segurou o meu queixo, me olhou no fundo dos olhos e eu percebi que palavras seriam desnecessárias pra explicar aquele momento único que eu estava vivenciando. Por um segundo agradeci aos céus o presente maravilhoso que estava parado diante de mim. Ele se aproximou e me beijou, com firmeza, segurança e ao mesmo tempo tão delicadamente. Parecia uma cena dos diversos filmes de romance que eu já tinha assistido, mas era real, e eu estava dentro dela! Entrelacei os meus dedos nos cabelos dele atrás da nuca. De olhos fechados eu me permiti sonhar. Sonhar dentro do meu sonho...

Acordei como barulho do meu filho correndo pela casa. A minha alma tinha viajado e feito o que o meu corpo queria estar vivendo naquele momento. Faria qualquer coisa para tornar esse sonho real. Uma melancolia me invadiu. Sentada a beira da cama, duas lágrimas me dão ‘bom dia’. Bem vinda à realidade.

Kelly Christine

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