Texto
escrito sob uma forte chuva, há algum tempo...
Por
mais que eu tente, aquelas palavras ainda ecoam na minha mente.
Não
dá pra não lembrar, de algo que não dá pra esquecer.
Sinto
a dor sozinha, só eu posso dividir esses pensamentos.
Tantas
verdades e tantos erros meus estampados na franqueza da atitude colérica que me
levaram até aqui.
E
quantos gritos cabem no silêncio?
Mantenho
a postura que a vida impõe.
Finjo
a força que eu não tenho.
Estampo
no rosto o sorriso de uma felicidade que não sinto.
Vejo
as mudanças acontecerem gradualmente e atropelando tudo o que eu até então
acreditava ser o certo.
Preciso
mudar. Não porque quero apenas, mas porque preciso.
Meu
castelo de vidro despedaçando. Só eu posso me sustentar agora.
Não
me dou o direito de chorar, de pedir, de cair.
Não
posso mais.
Claro
que fraquejo, quem é a pessoa que também não sente as forças sumirem quando
parece que o mundo quer despencar em torno de si?
Não
posso mais.
As
lágrimas correm de par em par pelo rosto.
Seco
com raiva. Não posso mais.
O
último estágio da dor humana.
Engulo
em seco, eu preciso continuar, mesmo que seja na marra.
Se
for para caminhar no vidro até os pés sangrarem, que seja.
Em
nenhum momento eu vou deixar a dor transparecer mais uma vez.
O
mundo pode estar desabando, e o meu eu ruindo por dentro.
Por
que me sentir injustiçada se existem + 7 bilhões de pessoas que também são?
Por
que se sentir especial, se simplesmente não sou nada, além de mais uma?
Não
posso mais.
Quem
tem que cuidar de mim, sou eu. Quem tem que abraçar o travesseiro, e se
sustentar nas próprias forças, sobre as próprias pernas. Sou eu.
Doeu.
E quanta coisa ainda dói em mim? Quanta coisa que não me permito falar, chorar,
sofrer.
Aprendi
a simplesmente aceitar. Me adaptei ao
silêncio ponderado que tudo responde com mais serventia e menos acusações.
Os
amigos, nunca foram amigos.
Eu
parei de gerar expectativas.
Parei
de crer em coisas que antes, para mim, faziam todo sentido, eram possíveis, e
hoje, dariam bons filmes. Nada mais.
Escrevo.
Que as letras levem para longe o que me faz assim.
Um
amigo, o único em que confio, me disse entre uma frase e outra:
-
O que você faz com você mesma? Está morrendo em silêncio por dentro.
Então
que seja assim. Uma morte lenta e silenciosa. O que sobrar de mim será forte o
suficiente para prosseguir na selva de concreto e aço.
Não
serei o girassol que chama a atenção e está sempre voltado ao sol.
Serei
a pequena e delicada flor que insiste em crescer entre os muros. Discreta e
forte. Como deve ser.
Os
sentimentos? Estes ficam na raiz.
Me
sustentam, porém ninguém mais ouvirá falar sobre eles.
Protegidos
no escuro da terra, onde o bravo poderia encontra-lo, mas o valente não o quer.
Deixe-o
onde está.
Não
posso mais.
Suas
palavras foram capazes de mudar o que eu achava mais bonito em mim.
Que
o silêncio seja testemunha disso tudo.
E
ninguém mais.
Kelly
Christine
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