3 de mai. de 2013

Ninguém Mais...


Texto escrito sob uma forte chuva, há algum tempo...

Por mais que eu tente, aquelas palavras ainda ecoam na minha mente.
Não dá pra não lembrar, de algo que não dá pra esquecer.
Sinto a dor sozinha, só eu posso dividir esses pensamentos.
Tantas verdades e tantos erros meus estampados na franqueza da atitude colérica que me levaram até aqui.
E quantos gritos cabem no silêncio?
Mantenho a postura que a vida impõe.
Finjo a força que eu não tenho.
Estampo no rosto o sorriso de uma felicidade que não sinto.
Vejo as mudanças acontecerem gradualmente e atropelando tudo o que eu até então acreditava ser o certo.
Preciso mudar. Não porque quero apenas, mas porque preciso.
Meu castelo de vidro despedaçando. Só eu posso me sustentar agora.
Não me dou o direito de chorar, de pedir, de cair.
Não posso mais.
Claro que fraquejo, quem é a pessoa que também não sente as forças sumirem quando parece que o mundo quer despencar em torno de si?
Não posso mais.
As lágrimas correm de par em par pelo rosto.
Seco com raiva. Não posso mais.
O último estágio da dor humana.
Engulo em seco, eu preciso continuar, mesmo que seja na marra.
Se for para caminhar no vidro até os pés sangrarem, que seja.
Em nenhum momento eu vou deixar a dor transparecer mais uma vez.
O mundo pode estar desabando, e o meu eu ruindo por dentro.
Por que me sentir injustiçada se existem + 7 bilhões de pessoas que também são?
Por que se sentir especial, se simplesmente não sou nada, além de mais uma?
Não posso mais.
Quem tem que cuidar de mim, sou eu. Quem tem que abraçar o travesseiro, e se sustentar nas próprias forças, sobre as próprias pernas. Sou eu.
Doeu. E quanta coisa ainda dói em mim? Quanta coisa que não me permito falar, chorar, sofrer.
Aprendi a simplesmente aceitar.  Me adaptei ao silêncio ponderado que tudo responde com mais serventia e menos acusações.
Os amigos, nunca foram amigos.
Eu parei de gerar expectativas.
Parei de crer em coisas que antes, para mim, faziam todo sentido, eram possíveis, e hoje, dariam bons filmes. Nada mais.
Escrevo. Que as letras levem para longe o que me faz assim.
Um amigo, o único em que confio, me disse entre uma frase e outra:
- O que você faz com você mesma? Está morrendo em silêncio por dentro.
Então que seja assim. Uma morte lenta e silenciosa. O que sobrar de mim será forte o suficiente para prosseguir na selva de concreto e aço.
Não serei o girassol que chama a atenção e está sempre voltado ao sol.
Serei a pequena e delicada flor que insiste em crescer entre os muros. Discreta e forte. Como deve ser.
Os sentimentos? Estes ficam na raiz.
Me sustentam, porém ninguém mais ouvirá falar sobre eles.
Protegidos no escuro da terra, onde o bravo poderia encontra-lo, mas o valente não o quer.
Deixe-o onde está.
Não posso mais.
Suas palavras foram capazes de mudar o que eu achava mais bonito em mim.
Que o silêncio seja testemunha disso tudo.
E ninguém mais.

Kelly Christine

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente.
Se sentir-se à vontade para isso.