21 de mai. de 2013

Sonhos Despedaçados...


Os meus sonhos estão cercados... por arames farpados...

Foi esses dias.
Fui no casamento de um colega do trabalho, com outros colegas também.
Durante a cerimônia, foi como se as portas da realidade batessem na minha cara, de par em par.
Por muitos e muitos anos eu sonhava com aquilo. Lutei desenfreadamente para fazer com que tudo acontecesse, lutei para dividir minha vida, meus sonhos, meus problemas com alguém, queria ser entregue pelo meu pai ao braço direito de um homem que seria meu amigo, companheiro, amante, por toda minha vida.
Sim aquilo tudo aconteceu naquela noite.
Mas não foi comigo.
E jamais aconteceria.
As lágrimas desciam de par em par, sem controle.
Os colegas riram de minha postura, afinal, tão normal chorar em casamentos, mas no meu caso, chegara a ser copioso, afinal existiam outros motivos além da emoção.
Tantas lembranças em sonhos destruídos, retratados em um momento que não me pertencia.
Tantos desejos de realizar tudo isso com alguém impossível. Mas não.
Eu estava ali sozinha. Eu estava ali, eu, minhas lágrimas, e os sonhos frustrados de alguém que jamais viria isso acontecer.
Não, não era por falta de luta. Nem de tentativas, nem nada disso.
Eu lutei e o tempo passou. E esse tempo que passou jamais voltaria novamente para que eu tentasse mais uma vez.
Os anos não foram generosos e nem suaves para ninguém.
Me deixaram dolorosamente no limiar de tudo o que desejava.
Não era como simplesmente ter pena de mim, ou coisa semelhante.
Parecia que o meu destino estava me mostrando que eu não tinha sido destinada a permanecer em tudo o que eu sonhei.
O que quero?
O que ninguém pode me dar de volta.
Os anos que eu perdi, lutando por uma causa igualmente perdida.
Lágrimas vermelhas que saltam aos olhos.
Estou sozinha mais uma vez. Isso não é algo que eu desejei, mas não adianta me lamentar.
Renato Russo já dizia: queria ter alguém pra conversar, que não usasse o que eu digo contra mim depois.
As palavras chegam mais uma vez pelas mensagens.
Medito sobre elas mais uma vez.
Situações tão diversas, o mesmo sentimento de impotência.
Sei de todo aquele discurso heroico, sobre caráter e problemas que moldam a personalidade de cada um.
Eu sei de tudo isso.
Eu quero continuar lutar, por mais frustrante que isso possa parecer.
Mas o tempo impiedoso está passando. E o tempo não volta.
Sofro num silêncio amargo de saber que terei que ser sombra dos sonhos alheios, já que os meus mesmos não podem mais acontecer.
Sou velha demais pra isso.
A vida me contrariou em tudo o que sempre acreditei.
Os sonhos não chegam, mesmo depois de você tentar, insistir e não desistir.
O tempo não espera você realizar o que quer. Ele te enfraquecerá, envelhecerá e depois te deixará com vergonha de continuar tentando conseguir coisas consideradas “ridículas” pra sua idade.
Por que me importar com que os outros pensam ou dizem na sociedade?
Porque infelizmente ainda faço parte dessa sociedade ridícula que exige padrões.
Porque tenho um filho, que gostaria que não se envergonhasse de mim.
O que eu quero?
Uma família Chester Perdigão.
Um Natal dos meus sonhos e conversas corriqueiras na soleira da porta.
Sorrir sem motivos. Chorar de felicidade.
Ver o tempo correr devagar, não assistindo a vida passar, mas vivendo cada segundo dela e saboreando dividir isso tudo com o mesmo olhar.
O olhar que me tomou do braço esquerdo do meu pai.
No impossível não existe concorrência. Por isso ninguém nunca chegou até lá.
E é justamente para onde todos os caminhos da minha vida querem me mandar.
Uma lágrima cai manchando o papel mais uma vez.
Resignação.

Kelly Christine

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