26 de jun. de 2013

Tudo o que restou...

Tudo o que restou foi saudade.
Há tanto dele em mim,
Nada de mim nele.
Nada que, pelo menos, faça diferença.
Tudo o que restou foram lembranças.
Uma após a outra, povoam meus pensamentos, e brigam com minha vontade:
Lembre, lembre, lembre!
E eu me lembro. E continuo a lembrar.
Enquanto sei que me tornei apenas algo que ninguém se recordará um dia.
E as palavras?
Tudo o que restou foram palavras.
E a vontade de falar, de gritar, de pedir.
De que adiantaria?
Tudo o que restou foi uma enorme vontade.
De voltar no tempo,
De correr atrás,
De não desistir.
Tudo o que restou foram os sonhos.
Estes, aos pedaços, ainda tem a teimosia da esperança,
A coragem dos justos,
A ilusão dos sonhadores.
Tudo o que restou ficou no olhar.
De quem não deixou de acreditar,
De quem não deixou de sentir,
De quem nada pode fazer, nem mesmo esperar.
E a pergunta que fica,
Na mente e no coração,
Até quando precisarei fingir
Que nada ficou,
Se eu sei o tamanho da importância
De tudo que restou?


Kelly Christine

25 de jun. de 2013

Minhas Músicas Preciosas...[25]


Uma música e uma poesia que dispensam quaisquer tipos de explicações:

... 
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Moraes

21 de jun. de 2013

Me permito...

Eu me permito.
Chorar copiosamente quando estou no chuveiro.
Pensar na mesma coisa antes de dormir e assim que acordo.
Me permito continuar sentindo o que sinto.
Me permito olhar para o vazio em um canto do ônibus,
E perceber o que falta não está mais ao meu lado.
Me permito olhar de cinco em cinco minutos o celular,
Esperando por uma mensagem que jamais chegará.
Me permito imaginar que o passado continua presente e será meu futuro.
Me permito dizer a mim mesma que tudo não passa de um sonho ruim,
E amanhã eu acordo e tudo se ajeita.
Mas não se ajeitou.
Me permito escutar uma voz, vislumbrar um sorriso e pensar que tudo isso é por minha causa e tudo isso ainda me pertence.
Me permito resistir e me fingir de forte, quando todos me enchem de perguntas e piadinhas em relação ao assunto.
Me permito sentir um perfume que tem nome. E tem morada.
Eu me permito tudo isso, e por isso mesmo sofro.
O adeus dói para sempre. Principalmente quando não é você que o dá, mas o recebe.
Sinto o coração pulsando na garganta. Tantas coisas para falar, presas pelo sentimento rejeitado.
Choro desmedido. Mais uma vez.
Saudades daquilo que preenchia um espaço em mim que nenhuma outra coisa é capaz de substituir.
Palavras... que serventia me tens agora além de me ferir ainda mais?
Me permito deitar em meu leito. Seu rosto é o que tem povoado meus sonhos e meus pensamentos.
A esperança perdida. O coração despedaçado.
As lágrimas caindo molham toda a roupa, pedindo para essa dor ir embora junto com elas.
Mas ela não vai.
Me permito doer então.
A vida brincou com o meu destino. Me deu cruzes impossíveis de carregar sozinha, me desafiou, zombou de mim.
E não me deixou pedir ajuda.
Eu me permiti. Acreditar em uma mentira.
Só não contava que essa mentira me destruiria para sempre.
Me quebrou. Me matou por dentro.
Dilacerada, eu não tenho mais o que fazer.
Dentro de mim, silêncio e escuridão.
Semana difícil. Vida ingrata.
Quero dormir para sempre. Ter de presente o poder do esquecimento.
Então me permiti. Que o anjo da morte me abrace mais uma vez.
Fim.


Kelly Christine

20 de jun. de 2013

Basta.

Quem disser que a solidão ensina ou mostra alguma coisa, em minha opinião está mentindo.
Solidão não tem nada de bom. Não fomos feitos para sermos sozinhos.
Caminhar sozinha. Almoçar sozinha. Voltar pra casa sozinha. Tudo isso tem sido um verdadeiro inferno pra mim.
Estar em um lugar cheio de gente, uma sala cheia de pessoas, todas conversando diversas coisas ao mesmo tempo. Fingir sorrisos, falar sobre amenidades, vestir uma máscara de que está tudo bem. E continuar me sentindo completamente sozinha. Isso é possível?
Sim, é. E tem acontecido todos os dias.
Essa solidão é um vazio que nenhuma outra coisa preenche. Um silêncio difícil de ser quebrado.
Pior saber que eu sou passado que jamais voltará a ser presente.
Pior saber que tudo não passou de aprendizado, enquanto eu encarava de outra forma.
Fui instrutora de vida. Nada mais, além disso.
Mostrei pouco a pouco parte do meu mundo, dos meus sonhos, das coisas que eu acreditava.
Tentei ensinar como uma pessoa pode completar outra em tudo. Não por serem partidas, mas por quererem estar juntas sempre. E vencer todas as dificuldades, era possível superar tudo, de mãos dadas, em nome daquele futuro nosso que sonhamos.
Peraí... que sonhamos?
Não, minha cara. Esse sonho era só meu.
Só eu que não sabia.
Seus planos eram bem outros.
Quando o ‘curso de sobrevivência social’ terminou, eu fui deixada de lado. E tive que fingir que nada sentia, que não me afetou, não doeu, que estava tudo bem.
Fingir, fingir, fingir.
Omitir o que se sentia. Engaiolar um coração que grita o tempo todo perguntando porquê, querendo lutar, querendo entender.
Agora peço ao meu coração, por favor, fique quieto. Nada do que fizer, disser, gritar, mudará esta situação.
O amor que você pensou que existisse, existia sim. Mas somente em você.
Se enganou de novo não foi? Pensou que era uma situação, uma pessoa, um caráter, descobriu de novo através das feridas, que era outra coisa.
Sempre assim.
E o silêncio vazio que nada preenche, tomando conta desse escandaloso coração, não é?
Pessoas são substituíveis. Eu sempre afirmei que não, mas a vida me mostrou o contrário.
Fiz o meu melhor, dei tantos motivos para ficar. Não hesitou, não olhou para trás e se foi.
Filosofias sendo contrariadas.
Obrigada vida, por mais esta lição.
O coração ainda está resistindo, mas a esperança se foi. Uma vez mais.
É hora de deixar esses sonhos que só me feriram também partirem.
Chega de sonhos, chega de amor.
Chega de ficar apenas mostrando, ensinando às pessoas como é amar e receber delas nada além da solidão.
Continuo a viver porque é a minha única alternativa. Mesmo assim, uma mudança brutal me obrigou a ter uma nova postura.
Precisei não apenas mudar minha maneira de ver as pessoas, como também de ver a mim mesma.
Já que as pessoas que eu cuidava com tanto carinho dentro de mim, sempre se vão, que permaneçam todas do lado de fora agora. E não haverá outras que entrarão, pois este lar acabou de fechar.
Para sempre.


Kelly Christine

18 de jun. de 2013

Círculo Vicioso.

Mas o problema fui eu.
Me apeguei demais,
Perdoei demais,
Esperei demais,
Expectativas demais,
Silenciei demais,
Amei demais.
Tudo em excesso, tudo sem limites.
O problema continua sendo eu.
Que no fundo ainda tenho um cadinho de esperança,
De algo que também sei, não acontecerá.
Que ainda continuo me martirizando com as lembranças,
E derramando lágrimas, pensando em como teria sido.
Que se cobra por erros que não cometi,
Que se condena por palavras que não disse,
Que acha que a falha vem apenas de mim.
E quantas falhas... tão incontáveis falhas.
E o problema sempre serei eu.
Que ainda acredito nos sonhos,
E penso que contos de fada são reais.
Que confiarei de novo,
E tentarei de novo,
Para mais uma vez me partir.
E me junto os pedaços mais uma vez,
Para continuar dançando, a beira do abismo.
Lá vamos nós de novo,
Por que se preocupar?
Mas o problema fui eu.


Kelly Christine

16 de jun. de 2013

Uma carta...

Esta aqui vai apenas para agradecer.
Por todas as vezes que fiz o meu coração ficar em silêncio enquanto você gritava, cheio de razões.
Por tantas vezes que eu corri atrás, de uma pessoa que não daria um passo em minha direção.
Por tantas lágrimas derramadas, que molhavam todos os meus lençóis, imaginando que não podia ser a mesma pessoa de 24 horas atrás.
Obrigada.
Por tantas cicatrizes no mesmo lugar.
Por tantas vezes que eu tentava mostrar o lado mais bonito de estar com alguém, e ganhava em troca o desprezo de quem não precisava de nenhuma pessoa para ser feliz.
Por todas as palavras duras recebidas, sem nenhuma razão, enquanto eu esperava pacientemente e em silêncio, todo aquele seu ódio se dissipar.
Por tudo que suportei calada, pensando em ser o melhor jeito de lidar com alguém tão inconstante assim.
Por todo carinho que doei sempre, mesmo sem nenhum merecimento.
Por todo aquele que recebi, quando você achava conveniente.
Pela alma dilacerada, por todas as vezes que tive que suportar um gênio indomável, prestes a explodir, mesmo sabendo que eu nada tinha feito.
Pela sensação de dividir todos os sorrisos e a alegria, e no dia seguinte parecer que foi o maior erro que você cometeu.
Por ser apenas uma grande lembrança, ao qual você quer se desvincular a qualquer custo, para não ser importunado em suas ambiciosas metas de vida por uma sombra que ofusca sua carreira brilhante.
Obrigada.
Por me mostrar dia após dia que, cada limitação minha, era um fardo que você não estava disposto a carregar.  Enquanto eu me desdobrava para te mostrar que eu poderia cuidar de você, de qualquer forma.
Por tanta dor gratuita. Por tanta humilhação.
Por palavras ditas em longas mensagens, que nunca foram ditas pessoalmente, ou por sua falta de coragem, ou por ser mais ‘conveniente’.
Por suprir suas necessidades enquanto negligenciava as minhas.
Por me ver sozinha nos momentos em que mais precisei de alguém ao meu lado, e procurar sempre estar presente quando você precisava de alguém.
Por ouvir com paciência tudo o que te incomodava, por me mostrar alguém que você podia contar, confiar, e ganhar em troca a desconfiança e o desdém.
Por fazer de você tão importante como família.
Por não fazer parte da sua vida nem como amiga.
Obrigada.
Escrevo a carta com os dedos molhados de um choro que têm durado dias, e não diminuirá com o tempo. E também não me libertará da dor que me causou.
Obrigada.
Nenhuma outra pessoa me mostrou o quanto posso ir além, em nome do amor, dos meus sonhos, do que eu acredito.
Ninguém nunca tinha me mostrado que tudo não passa de ilusão, e quando está tudo desmoronando, a solução é mudar. Fingir que nada aconteceu. E deixar ‘uma nova pessoa me encontrar’.
Não importa o que aconteceu, toda uma história e tudo o que houve até ali.
O que importa é continuar mudando, continuar evoluindo, independente do preço.
Obrigada por me mostrar o quão falha eu sou.
O quanto preciso me corrigir.
O quanto devo agora ver, que a realidade é só isso. Muita dor, muito sofrimento, uma desilusão atrás da outra, e a estranha necessidade de continuar mudando, o tempo todo, não para melhorar, mas só pela alegria de dizer que está evoluindo.
Me tornar alguém que eu não sou. Perder a única coisa que me diferencia das outras pessoas: personalidade.
Então a vida é isso.
Obrigada.
Em troca de todo carinho, afeto, atenção e silêncio eu ganhei uma lição.
Obrigada e me desculpe.
Por ser apenas eu, e não aquilo que você planejou.

Kelly Christine.


14 de jun. de 2013

A bengala...

O engraçado é que eu sempre penso que fui eu que fiz algo errado.
Sempre me analisando, cobrando, colocando defeitos.
Erros que nem sempre são meus, me condenando por palavras que nem eu mesmo disse.
Onde está tudo o que desejei?
Eu me permiti, me dei uma chance. Mais uma chance, sempre perdoando as falhas que não eram minhas, sempre me condenando pelas falhas que eu achava que eram minhas.
Me sinto uma espécie de bengala.
Útil quando não se tem apoio, caminha sempre ao seu lado, não faz perguntas, não questiona.
Quando não precisa do uso dela, encosta no canto. Quieta, sem argumentos.
Mas aí vem a dor nas articulações novamente.
É hora de tirar a bengala do canto mais uma vez.
A dor passa, e é para o canto esquecido de algum lugar que a bengala vai.
E assim a vida segue, sem novidades.
Preferir a companhia da solidão deve ser excelente alternativa para quem passou a vida toda em silêncio.
Eu antes tinha pavor de ficar sozinha. Era o meu único e principal medo, meu fantasma de toda vida.
Hoje, a solidão não me assusta mais. Porque não existe nada mais doloroso do que se sentir só ao lado de alguém.
Alguém que você faz de tudo, todos os dias, para se manter do lado de dentro.
Alguém que faz de tudo, todos os dias, para continuar te mantendo do lado de fora.
Aí você aprende a ser sozinho. A vida te obriga. Ou é isso, ou nada.
Me pergunto qual a diferença entre o nada e a solidão. Parecem bem semelhantes pra mim.
Bem, a bengala foi encostada mais uma vez. Permanecerá em silêncio até ser requisitada mais uma vez por sua utilidade. E nada mais.


Kelly Christine

4 de jun. de 2013

Os bilhetes...

Eu ainda tinha os bilhetes.
Eles traziam lembranças, junto com as fotos, junto com as memórias que existiam e ainda sopravam no meu ouvido.
Eu ainda tinha na minha mente aquele sorriso ingênuo e bonito.
O mundo girou e as coisas mudaram.
Procurava nas palavras que eu disse, algo que pudesse ser interpretado de maneira errada.
Confiei, tentei ser confiável também.
Tomei todo cuidado para não machucar com as minhas atitudes, me mantive em silêncio o quanto pude.
E o que eu recebi?
Entreguei-me novamente para ser partida.
Parece que não aprendo, ou vivo de uma esperança utópica.
Me vi morrendo, mesmo antes de levar o tiro, e logo após também.
O coração se sentia tão magoado.
Eu olhava os bilhetes, nem pareciam escritos pela mesma pessoa.
As mensagens apaixonantes, pareciam não fazer sentido algum agora.
A ingenuidade pode ser tão facilmente corrompida?
Ou o caráter é assim, disfarçado, para fingir ser o que nunca foi?
Pessoas mudam ou se apenas se revelam?
Muitas perguntas. Nenhuma resposta.
Eu prometi a mim mesma que não me questionaria de novo. Nem a situação, nem nada mais.
Mas é impossível não questionar algo que está longe de se entender.
Por quê?
A única certeza que possuía era sobre o que eu sentia.
Isso, não tinha modificado em um único centímetro. Já havia sido quebrado, partido, sofrido, silenciado, mas permanecia lá. Sobrevivente, forte, resistente. Teimoso.
O que sobrava de mim era a junção de muitos pedaços, muitas dores e muitas histórias.
Sim, o silêncio responde até aquilo que não foi perguntado.
Condena com um olhar o que não tem perdão.
Julga aquilo que for conveniente.
O melhor sentimento? O que é correspondido.
Todo e qualquer outro é sinônimo de sofrimento e solidão.
Eu ainda tinha os bilhetes. E eles me tinham por inteiro.
As palavras que me envolviam e me faziam sentir tanta saudade.
Saudades. Escorre pelos olhos agora.

Recebi o pior castigo. Condenada por um erro que mal sei se cometi.
Os bilhetes me pertencem como eu pertenço a eles. Meu passado que seria tão bom se fosse presente.
O desejo preso em silêncio na garganta.
O mesmo silêncio que testemunha as lágrimas que caem agora.

Kelly Christine