16 de jun. de 2013

Uma carta...

Esta aqui vai apenas para agradecer.
Por todas as vezes que fiz o meu coração ficar em silêncio enquanto você gritava, cheio de razões.
Por tantas vezes que eu corri atrás, de uma pessoa que não daria um passo em minha direção.
Por tantas lágrimas derramadas, que molhavam todos os meus lençóis, imaginando que não podia ser a mesma pessoa de 24 horas atrás.
Obrigada.
Por tantas cicatrizes no mesmo lugar.
Por tantas vezes que eu tentava mostrar o lado mais bonito de estar com alguém, e ganhava em troca o desprezo de quem não precisava de nenhuma pessoa para ser feliz.
Por todas as palavras duras recebidas, sem nenhuma razão, enquanto eu esperava pacientemente e em silêncio, todo aquele seu ódio se dissipar.
Por tudo que suportei calada, pensando em ser o melhor jeito de lidar com alguém tão inconstante assim.
Por todo carinho que doei sempre, mesmo sem nenhum merecimento.
Por todo aquele que recebi, quando você achava conveniente.
Pela alma dilacerada, por todas as vezes que tive que suportar um gênio indomável, prestes a explodir, mesmo sabendo que eu nada tinha feito.
Pela sensação de dividir todos os sorrisos e a alegria, e no dia seguinte parecer que foi o maior erro que você cometeu.
Por ser apenas uma grande lembrança, ao qual você quer se desvincular a qualquer custo, para não ser importunado em suas ambiciosas metas de vida por uma sombra que ofusca sua carreira brilhante.
Obrigada.
Por me mostrar dia após dia que, cada limitação minha, era um fardo que você não estava disposto a carregar.  Enquanto eu me desdobrava para te mostrar que eu poderia cuidar de você, de qualquer forma.
Por tanta dor gratuita. Por tanta humilhação.
Por palavras ditas em longas mensagens, que nunca foram ditas pessoalmente, ou por sua falta de coragem, ou por ser mais ‘conveniente’.
Por suprir suas necessidades enquanto negligenciava as minhas.
Por me ver sozinha nos momentos em que mais precisei de alguém ao meu lado, e procurar sempre estar presente quando você precisava de alguém.
Por ouvir com paciência tudo o que te incomodava, por me mostrar alguém que você podia contar, confiar, e ganhar em troca a desconfiança e o desdém.
Por fazer de você tão importante como família.
Por não fazer parte da sua vida nem como amiga.
Obrigada.
Escrevo a carta com os dedos molhados de um choro que têm durado dias, e não diminuirá com o tempo. E também não me libertará da dor que me causou.
Obrigada.
Nenhuma outra pessoa me mostrou o quanto posso ir além, em nome do amor, dos meus sonhos, do que eu acredito.
Ninguém nunca tinha me mostrado que tudo não passa de ilusão, e quando está tudo desmoronando, a solução é mudar. Fingir que nada aconteceu. E deixar ‘uma nova pessoa me encontrar’.
Não importa o que aconteceu, toda uma história e tudo o que houve até ali.
O que importa é continuar mudando, continuar evoluindo, independente do preço.
Obrigada por me mostrar o quão falha eu sou.
O quanto preciso me corrigir.
O quanto devo agora ver, que a realidade é só isso. Muita dor, muito sofrimento, uma desilusão atrás da outra, e a estranha necessidade de continuar mudando, o tempo todo, não para melhorar, mas só pela alegria de dizer que está evoluindo.
Me tornar alguém que eu não sou. Perder a única coisa que me diferencia das outras pessoas: personalidade.
Então a vida é isso.
Obrigada.
Em troca de todo carinho, afeto, atenção e silêncio eu ganhei uma lição.
Obrigada e me desculpe.
Por ser apenas eu, e não aquilo que você planejou.

Kelly Christine.


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