Eu ainda tinha os
bilhetes.
Eles traziam
lembranças, junto com as fotos, junto com as memórias que existiam e ainda
sopravam no meu ouvido.
Eu ainda tinha na
minha mente aquele sorriso ingênuo e bonito.
O mundo girou e as
coisas mudaram.
Procurava nas
palavras que eu disse, algo que pudesse ser interpretado de maneira errada.
Confiei, tentei ser
confiável também.
Tomei todo cuidado
para não machucar com as minhas atitudes, me mantive em silêncio o quanto pude.
E o que eu recebi?
Entreguei-me
novamente para ser partida.
Parece que não
aprendo, ou vivo de uma esperança utópica.
Me vi morrendo, mesmo
antes de levar o tiro, e logo após também.
O coração se sentia
tão magoado.
Eu olhava os
bilhetes, nem pareciam escritos pela mesma pessoa.
As mensagens apaixonantes,
pareciam não fazer sentido algum agora.
A ingenuidade pode
ser tão facilmente corrompida?
Ou o caráter é assim,
disfarçado, para fingir ser o que nunca foi?
Pessoas mudam ou se
apenas se revelam?
Muitas perguntas.
Nenhuma resposta.
Eu prometi a mim
mesma que não me questionaria de novo. Nem a situação, nem nada mais.
Mas é impossível não
questionar algo que está longe de se entender.
Por quê?
A única certeza que
possuía era sobre o que eu sentia.
Isso, não tinha
modificado em um único centímetro. Já havia sido quebrado, partido, sofrido,
silenciado, mas permanecia lá. Sobrevivente, forte, resistente. Teimoso.
O que sobrava de mim
era a junção de muitos pedaços, muitas dores e muitas histórias.
Sim, o silêncio
responde até aquilo que não foi perguntado.
Condena com um olhar
o que não tem perdão.
Julga aquilo que for
conveniente.
O melhor sentimento?
O que é correspondido.
Todo e qualquer outro
é sinônimo de sofrimento e solidão.
Eu ainda tinha os
bilhetes. E eles me tinham por inteiro.
As palavras que me envolviam
e me faziam sentir tanta saudade.
Saudades. Escorre
pelos olhos agora.
Recebi o pior
castigo. Condenada por um erro que mal sei se cometi.
Os bilhetes me pertencem como eu pertenço a eles. Meu passado que seria tão bom se fosse presente.
O desejo preso em silêncio na garganta.
O mesmo silêncio que testemunha as lágrimas que caem agora.
Os bilhetes me pertencem como eu pertenço a eles. Meu passado que seria tão bom se fosse presente.
O desejo preso em silêncio na garganta.
O mesmo silêncio que testemunha as lágrimas que caem agora.
Kelly Christine
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