21 de jun. de 2013

Me permito...

Eu me permito.
Chorar copiosamente quando estou no chuveiro.
Pensar na mesma coisa antes de dormir e assim que acordo.
Me permito continuar sentindo o que sinto.
Me permito olhar para o vazio em um canto do ônibus,
E perceber o que falta não está mais ao meu lado.
Me permito olhar de cinco em cinco minutos o celular,
Esperando por uma mensagem que jamais chegará.
Me permito imaginar que o passado continua presente e será meu futuro.
Me permito dizer a mim mesma que tudo não passa de um sonho ruim,
E amanhã eu acordo e tudo se ajeita.
Mas não se ajeitou.
Me permito escutar uma voz, vislumbrar um sorriso e pensar que tudo isso é por minha causa e tudo isso ainda me pertence.
Me permito resistir e me fingir de forte, quando todos me enchem de perguntas e piadinhas em relação ao assunto.
Me permito sentir um perfume que tem nome. E tem morada.
Eu me permito tudo isso, e por isso mesmo sofro.
O adeus dói para sempre. Principalmente quando não é você que o dá, mas o recebe.
Sinto o coração pulsando na garganta. Tantas coisas para falar, presas pelo sentimento rejeitado.
Choro desmedido. Mais uma vez.
Saudades daquilo que preenchia um espaço em mim que nenhuma outra coisa é capaz de substituir.
Palavras... que serventia me tens agora além de me ferir ainda mais?
Me permito deitar em meu leito. Seu rosto é o que tem povoado meus sonhos e meus pensamentos.
A esperança perdida. O coração despedaçado.
As lágrimas caindo molham toda a roupa, pedindo para essa dor ir embora junto com elas.
Mas ela não vai.
Me permito doer então.
A vida brincou com o meu destino. Me deu cruzes impossíveis de carregar sozinha, me desafiou, zombou de mim.
E não me deixou pedir ajuda.
Eu me permiti. Acreditar em uma mentira.
Só não contava que essa mentira me destruiria para sempre.
Me quebrou. Me matou por dentro.
Dilacerada, eu não tenho mais o que fazer.
Dentro de mim, silêncio e escuridão.
Semana difícil. Vida ingrata.
Quero dormir para sempre. Ter de presente o poder do esquecimento.
Então me permiti. Que o anjo da morte me abrace mais uma vez.
Fim.


Kelly Christine

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente.
Se sentir-se à vontade para isso.