18 de nov. de 2010

Sobre deficiência, debilidade e FÉ.

Esse texto é dedicado as pessoas que possuem tantas dúvidas quanto eu, mas não deixa de ter a fé minúscula, porém que move montanhas. Às vezes, essa fé também se questiona. O ocorrido comigo ontem, toca num tema delicado, e a minha opinião retrata apenas o que penso e acho não que seja a correta, mas a que eu acredito que seja. Mais um capítulo da novela da vida real.

Ontem saindo do trabalho, aciono o botão do elevador para descer e ir para casa (existem 03 elevadores e eu trabalho no 08º andar de um edifício comercial). Quando este para no meu andar e abre as portas, vejo um senhor numa bengala se espremendo num canto, uma jovem aparentando seus 20 e poucos anos e uma garota, numa cadeira de rodas. O elevador não é tão grande, a jovem puxou a cadeira da garota, deixando-a rente a parede do elevador, criando um desconforto para aqueles 03 passageiros. Agradeci o trabalho e preferi tomar o próximo. Realmente não seria tão demorado esperar mais 02 ou 03 minutos pelo próximo elevador e deixar aquele trio fazer a sua curta viagem com o mínimo de conforto, eu esperaria, não haveria problemas com isso Eles agradeceram e seguiram a viagem, acionando o botão de térreo mais uma vez. Situação cotidiana, o amigo leitor acha, se não fosse por um detalhe: a garota na cadeira de rodas. Quando fitei o seu semblante, identifiquei na hora: não se tratava só de uma deficiência física naquele ser pequeno, de alto dos seus 07 ou 08 anos, com certeza havia aí uma paralisia cerebral, essa deficiência que deixa as pessoas vivendo um mundo a parte do nosso.
Esperei pacientemente o outro elevador, e quando este chegou ao meu andar, recostei em sua parede, mp3 nos ouvidos, meditei: porque existem seres assim? Por que existem pessoas assim? Por que permitimos que pessoas vivessem, às vezes com tantas limitações que chegam ao estado vegetativo, às vezes, num mundo tão a parte que simplesmente ignoram a nossa existência, Por quê? Aí chega o ‘X’ da questão: “POR QUE DEUS PERMITE QUE PESSOAS ASSIM EXISTAM?”
Você deve estar se perguntando (como eu me perguntei) de tantas coisas: acidentes que removem as pernas de um atleta ou o braço de um pianista, quando não lhe tiram a vida. Crianças lindas, cujos pais tiveram tantas decepções, tanto trabalho e um alto custo com inseminações, tratamentos de fertilizações, para no final das contas herdarem uma doença genética causadora de uma debilidade mental ou física. Onde termina a responsabilidade humana sobre esse mal (se é que podemos considerá-lo assim) e começa a responsabilidade Divina nisso? Será que Ele estaria testando nossa fé, nossa capacidade de cuidar de pessoas assim, que exigem atenção, carinho e afeto redobrado?
Durante a minha curta viagem de elevador, pude pensar nessas perguntas principalmente, tentando entender o que poderia causar, e qual seria a relação entre esses acontecimentos e a nossa fé. Algum castigo numa vida anterior? Na atual? Seria REALMENTE um castigo? Se na natureza não vemos esse tipo de problema acontecer (não pelo menos do jeito que conhecemos), por que entre os humanos isso ocorre? Ao chegar ao andar térreo, ainda pude contemplar o trio ao qual tinha falado há pouco. A garota na cadeira de rodas, paralela à conversa que a mãe (acredito que a jovem seja mãe da garota) tinha com o porteiro do edifício e o senhor na sua bengala (que acredito que seja pai da jovem, devido às suas semelhanças físicas). Era uma conversa animada de final de expediente. Despedi-me deles com um educado ‘boa noite’ e segui o meu caminho para o ponto de ônibus. Mais um dia de trabalho havia sido concluído. No ponto, me dei por satisfeita pelo menos em algumas das minhas questões: ao sair do edifício a garota me olhou e da sua maneira esboçou um sorriso, de leve, de acordo com que podia permitir as suas limitações. Aquele sorriso pra mim, respondeu uma parte de minhas perguntas: não importa de que maneira uma pessoa chegue até você. O que importa é como você será capaz de amá-la. Talvez esse seja o grande desafio: amar até aqueles que seus olhos e sua cultura dizem que não merecem ou não podem. Obrigado Senhor, às vezes julgamos as pessoas pelo que parecem. Esquecemos de olhar seus corações e descobrirem como verdadeiramente são. Mas ainda fiquei com perguntas. Guie-me até as respostas certas.

Kelly Christine.

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