1 de dez. de 2010

INJUSTIÇA e IMPUNIDADE X POLÍCIA

Engraçada a nossa vida. Contarei um pequeno caso hoje. Vindo do feriado do dia 15/11, da casa de um amigo com quem passei o dia, peguei uma carona de moto com outro amigo. Só que eu estava com o meu filho, e o meu amigo só tinha dois capacetes. A casa dele era bem perto da minha, o trajeto da moto levaria no máximo, 05 minutos, era a noite, não tinha quase nenhum carro na rua. Resolvi arriscar. Vínhamos nós três na moto, numa velocidade devagar por causa do pequeno. Uma viatura de polícia surgida vai saber Deus da onde (porque quando a gente precisa eles simplesmente não surgem) começou a nos perseguir. Ele parou imediatamente. Explicou que estava me levando pra casa, eu desci da moto, junto com o pequeno, preparada para continuar o trajeto a pé (faltavam apenas duas quadras para chegar ao meu prédio). Ele conversou com o PM durante 5 minutos, pedindo, por favor, para não multá-lo, faltavam 03 anos de parcelas da moto ainda, muita coisa a acertar. O PM pareceu que entendeu, disse que naquele dia seria APENAS uma advertência, mas que aquilo não se repetisse. Ele se despediu de mim, com a viatura do lado e foi embora, assustado, andando a 10 km/h. Eu continuei o meu caminho de mãos dadas com o pequeno. Esperei ele guardar a moto e retornar, ele iria passar o restinho da noite na minha casa, mas nem saiu mais da casa dele, com medo de alguma coisa, pra não irritar ainda mais os policiais. Ficamos assim, com aquela dor de estômago aterrorizada durante toda semana, mas passou. Confiamos na palavra do policial, afinal ele mesmo tinha dito que seria uma advertência, apenas uma advertência, então seguimos a vida, e nunca mais repetimos a aventura de andar de moto a três.
Assistindo a televisão no domingo, achamos o máximo as atitudes dos policiais quebrando o crime organizado e a rede de tráfico de entorpecentes e armas nas favelas do Rio de Janeiro. Finalmente vimos policiais e militares que não se corromperam com o sistema e querem realmente fazer a diferença. A população correspondendo, denunciando, finalmente participando da ‘limpeza’ de toda essa sujeira que há anos, nossas vistas ficaram ‘grossas’ para aceitar e tolerar: pela sobrevivência. Mais uma semana começaria renovada. Com a certeza que o mundo estava mudando, e estamos vendo ali, a mudança, começando na nossa frente.
Ontem, ele chegou chateado na minha casa. Eu olhava com curiosidade: o que será que tinha acontecido? Estava pisando em ovos, sem saber como perguntar, quando finalmente ele despeja em mim: “As notificações das duas infrações chegaram à minha casa hoje.”
Pronto! Estava ali o motivo de tanta irritação (com toda a razão) dele. Aquele PM maldito tinha nos multado mesmo. Não era uma advertência, eles estavam a fim de ferrar alguém mesmo naquela noite de feriado, que eles eram obrigados a trabalhar, enquanto existiam outros se divertindo. Claro. Eu moro num dos bairros mais violentos de Santos, e o policiamento só aparece quando quer. Traficantes e usuários de drogas se espalham nas esquinas, impunes, seguros e alheios a viatura que patrulha e ‘multa’ um pobre trabalhador, pai de família, assalariado, que ganha o seu dinheiro honestamente. Claro. Os ‘gordos’ envelopes de dinheiro que eles recebem para fazer ‘vistas grossas’ para impunidade e a meta de multas para que não passem fome com o salário ínfimo que recebem do governo faz com que esses homens que tinham que servir bem a população e o estado sejam apenas ‘marionetes’ nas mãos dos verdadeiros bandidos.
Estávamos errados, nós sabemos disso. E aquele erro não se repetiu depois da repreensão do PM. Se eu soubesse que ele iria me multar de qualquer jeito, teria ficado na moto, nem teria descido. Que diferença fez? Eu fico presa dentro da minha casa com medo da violência, enquanto o verdadeiro bandido está solto e sorridente caminhando pela rua! Obvio que isso é um grito abafado no meio de uma multidão, mas uso aqui, meu espaço para protestar: se eu soubesse que o dinheiro que agora terei que desembolsar (não é justo que ele pague sozinho, afinal estava com ele) fosse para uma causa justa, para ajudar um projeto, para melhorar a segurança, eu pagaria de olhos fechados. Mas esse dinheiro eu nem sei pra onde vai (aposto que você também não sabe). Para o meu bolso não é. Para a manutenção das vias, ruas, melhoria da sinalização, melhorar salários dos que precisam não é. Vai parar no bolso daqueles caras, que escondem dólares na meia e na cueca e usam panetones como desculpa para desviar o dinheiro público. Eu não sei quanto à você amigo leitor, mas eu estou bem cansada de conviver com a hipocrisia, o descaso e principalmente a IMPUNIDADE.
Senhor Policial, um dia, voltaremos a nos encontrar. Talvez não do mesmo jeito, nem na mesma situação. O mundo é pequeno demais, e sempre encontramos aqueles que nos injustiçaram. Então, eu pensaria duas vezes antes de usar o seu abuso de autoridade para ludibriar mais alguém na sua vida. Há pessoas pacientes e tolerantes como eu. Mas há pessoas que se cansaram de esperar a justiça dos homens e não esperarão a justiça Divina. Acabarão fazendo justiça com as próprias mãos. Eu gostaria de fazer parte desse grupo, mas não posso. Preciso zelar pela vida e pelo conforto do meu filho que é a única pessoa que me interessa nessa vida. Moradores do Rio de Janeiro, posso dizer francamente a vocês, sinto na pele todos os dias, o que vocês viveram durante anos a fio. Rezo para que essa mudança que está acontecendo para vocês seja verdadeira, pois por enquanto eu aqui, posso dizer honestamente à vocês, o único conselho de quem vive por aqui:
NUNCA CONFIE NA PALAVRA DE UM POLICIAL.

Kelly Christine

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente.
Se sentir-se à vontade para isso.